quarta-feira, 18 de maio de 2011

Com a palavra, Rosana Hermann


Há muito tempo admiro o jeito de ser da jornalista Rosana Hermann.

Em seu blog com no nome "Querido Leitor" nesse endereço: http://noticias.r7.com/blogs/querido-leitor/, já percebe-se de cara o jeito carinhoso que ela lida com quem acompanha seus trabalhos. Perceba a maneira delicada do nome do blog. Além de convidativo, me remete à época das cartas escritas à mão, onde a gente sempre as inciava com "Querido(a) Fulano(a)".

E, no final de cada post, ela sempre deixa a seguinte frase: "Um beijo, um browse e um aperto de mouse da @rosana". Genial, não é? Brincando com as palavras, ela consegue usar os termos da nossa tecnologia de relacionamento atual e ainda enche de afeto quem lê.

Os textos da Rosana Hermann são deliciosos de ler. O modo como ela escreve faz parecer que ela está sentada ali, na sua frente, olhando no seu olho. A facilidade que ela tem para se expressar de forma clara e delicada é um elixir.

Em seu blog, ela divide com os leitores os mais variados assuntos: suas opiniões sobre diversos temas atuais, notícias com as novidades tecnológicas (que ela ainda tem a delicadeza de ensinar passo a passo), revela seus pensamentos, suas descobertas, suas viagens (com dicas deliciosas), seus aprendizados, as conferências/programas/entrevistas que participa, vídeos interessantes e até suas "crises existenciais", como a que a acometeu com o falecimento da sua filha/cachorrinha. Vale muito a pena acompanhar!

Não são textos didáticos, chatos ou com alguma sombra da "arrogância do saber" do jornalista. Ela emprega sua profissão de forma humana, sensível. Usa os dedinhos para teclar, mas vê-se logo que tudo o que ela escreve E faz é com coração. Não está ali para ditar regras ou com a pretensão de convencer ninguém a nada. Ela apenas nos convida a estar ali e nos oferece uma sabedoria que não se encontra em livros, mas que se encontra no blog dela.

É ou não é delicioso deleitar-se com textos que nos fazem pensar, repensar? Para mim é!

No dia 09/05/2011, ela escreveu um post que caiu como uma luva para inúmeras dúvidas existenciais que eu tenho na vida e ela, com muita serenidade, me fez repensar alguns conceitos.

O link para esse post é: http://noticias.r7.com/blogs/querido-leitor/2011/05/09/o-que-eu-realmente-acho/, mas irei colocá-lo abaixo. 
É espetacular...


O que eu realmente acho
Rosana Hermann

"Eu deveria trocar o título. Não vou escrever sobre o que eu acho, ou penso, mas em algo que acredito.

Outro dia li uma frase muito boa, um argumento muito bem construído, cujo autor desconheço:
'Esperar que a vida lhe trate bem porque você é uma boa pessoa é como esperar que um touro não te ataque porque é vegetariano'.

É isso. A gente vê todo dia. Coisas ruins acontecem para pessoas boas e coisas boas acontecem para pessoas ruins. Mesmo porque, se você for pensar bem, as pessoas são muito complexas, tem componentes variados. Ninguém na vida real é totalmente mocinho ou vilão. Isso é coisa de personagem de ficção.

Mas, se é assim, se ser legal, bacana, decente, ético, honesto, não garante que a vida será boa e que teremos sorte, por que então seguir esse caminho?

Porque esse é o único caminho a seguir. Porque o resto não é caminho, é desvio.

Eu sei como é, eu sei como todo mundo se sente, porque eu sou como todo mundo. A gente se esforça, batalha e vê um cara desonesto que rouba ficando rico. Dá um desalento. Mas você não tem a opção de começar a roubar porque você não é ladrão. Nem tem a opção de impedir que o ladrão continue roubando.

O que fazer então?

Primeiro entenda que a vida é um filme, não é uma foto, e tem muitos capítulos pela frente. Eventualmente, pode ser que o ladrão se dê mal, mas não é garantia, vide parágrafos anteriores.

Mas eu vou dizer em que eu acredito. Eu acredito que o fator sorte, a aleatoriedade da vida, existe mesmo.

Tem gente que faz tudo errado e dá tudo certo. E vice-versa. Mas nós criamos uma espécie de campo a nossa volta, composto por nossa energia.

A gente emana coisas. Assim como exalamos cheiros, calor, também emanamos outros tipos de ondas, vibrações. Você chega perto da pessoa, entra em seu "campo" e imediatamente sente alguma coisa, boa ou ruim. Esse "campo" a nossa volta é o que nós somos naquele momento, ou a somatória de tudo o que somos naquele momento.

Tem gente que tem vibração ruim mesmo. Tem bom coração,mas tem um campo ruim. Tem gente que tem um campo bacana a sua volta. Não estou necessariamente falando de "aura", mas de uma coisa sutil mesmo, energética, um resultado do fato de estarmos vivos. Dentro do nosso corpo há movimentos, correntes, tudo.

Temos eletricidade, temos energia de verdade, não é delírio esotérico.

E isso se estende a nossa volta, nesse nosso campo vital.

Não há garantia de que o universo vai ser bonzinho com você, mas há uma correlação direta entre o campo que você emana a sua volta e as coisas que acontecem com você ou, pelo menos, o tipo de pessoa que você atrai para seu campo.

Se você chama muita coisa ruim, pare e observe. Você deve estar vibrando exatamente nessa frequência. Se coisas muito iluminadas chegam até você é possível que você seja parte desse processo de uma forma mais ampla.

Não acredito num D'us vingador, num mundo simétrico, como já disse.

Mas acho que a gente polariza. A gente alinha. Magnetiza as coisas a nossa volta.

O jeito é aprender a lidar com isso.
Cuidado aí com seu magnetismo.
Pra não atrair pregos pra si mesmo."

Lição aprendida, Rosana Hermann! Nunca havia parado para pensar nisso e ao ler esse texto, vi que faz muita lógica! Prometo que já estou pensando com MUITO carinho sobre mecanismos para mudar a minha frequência.=)

Observação 1: Alguém pode ter reparado que, ao final do texto da Rosana Hermann, ela escreve D'us. Apenas uma explicação para quem não sabe: A Rosana é judia e, assim como alguns judeus que falam português, essa é uma das formas para falar de Deus sem citar seu nome, respeitando o mandamento no qual Deus ordenou que Seu Nome não fosse usado em vão.

Observação 2: Eu já havia deixado um convite  - humildemente - para ela vir conhecer o meu blog. Como esse meu post se refere à ela e à um texto dela, vou enviar um convite para que ela leia. Faço questão disso, porque não foco apenas em reclamar das pessoas babacas e com cabeça pequena. É imprescendível bater palmas para quem merece. Mesmo que seja nesse meu singelo blog... Essa é a minha lógica de vida!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Id, Ego e Superego





Eu acho que já disse aqui uma vez, mas, na dúvida, vou repetir: eu ADORO o site "Ego" http://ego.globo.com/

Juro! Não é sacanagem minha não! O site em si pode se intitular como "EGO - Tudo sobre os famosos", mas, na minha opinião, é o melhor site de piadas que existe!

Já virou rotina minha: assim que ligo o computador - tendo tempo para dar uma navegada - têm sites que vou de imediato. Não vou pagar de culta e está muito errado quem pensa que a primeira coisa que faço é ler as notícias do "Uol", do site da "Folha" e etc. Eu até leio sim, mas, antes...



E... Tã, tã,tã... O "Ego"... Cada vez que vou lá, eu fico na dúvida de qual é a melhor piada do dia.

Sobre os "famosos", fui no Dicionário Aurélio para transcrever exatamente o significado do adjetivo famoso:

Famoso = de grande reputação, superior, invulgar, célebre, grandioso, ilustre. 

Aí você, que está lendo o meu humilde post, pensa: "Há! Piada pronta!". E eu digo: "É exatamente isso!". Irei em cada sinônimo de "famoso" relacionar à uma notícia:

De Grande Reputação
"Lindsay Lohan publica foto de seu suposto perseguidor e pede ajuda"
Pópará! Por acaso a Lindsay Lohan não é aquela atriz que vive aparecendo sem calcinha, que já foi pega roubando, alcóolatra e já foi em cana? É!!! Ela mesma! Um minuto de silêncio em homenagem à reputação da moça.

Superior 
"Dado Dolabella divulga foto da namorada grávida - A produtora de eventos será mãe do terceiro filho do cantor"
 Dado Dolabella vai ter o seu TERCEIRO filho? Darwin agradece.

Invulgar 
"Conheça alguns dos biquinis da coleção de Nicole Bahls" 
 Close profundo de câmera no derriére da cidadã rebolando na sua TV.

Célebre 
"Mel Gibson faz dancinha no tapete vermelho em Cannes" 
ZZZzzzzZZZZzzzz

Grandioso 
"Príncipe e Cinderela? Felipe Dylon coloca sapato em Aparecida Petrowky" 
 Cadê a Rainha Elisabeth II que não deu a ele o título de "Sir"? Tá comendo mosca!

Ilustre 
"Maumau ensaia com sua banda e vai lançar o primeiro CD" 
 O índice Dow Jones irá fechar com aumento de 0,8% depois dessa notícia.

Vem cá? O site Ego é ou não é um grande piadista? hahaha

Só que fica no ar, para mim, uma grande questão existencial: eu leio esse site achando graça, me dobrando de rir com fotos de "famosas" às 8h da manhã maquiadas, de salto alto, cabelos trabalhados na chapinha, dando tchauzinho para o paparazzo com cara de "ó que surpresa, estou só indo à feira comprar tomate", com notícias sobre quem está na praia do Leblon, com chamadas sobre o novo corte de cabelo da atriz X...

Mas, o que pensam e sentem as pessoas que vão lá porque REALMENTE se interessam por isso?

Aí lá fui eu pesquisar o significado de "ego". Fiquei com a impressão de que o nome do site era também uma piadinha subjetiva...

"O ego funciona principalmente a nível consciente e pré-conciente, embora também contenha elementos inconscientes, pois evolui do Id, que é regido pelo princípio do prazer. O ego é regido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do Id, tão logo encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos".
Confuso? Nem tanto... Deu para entender de onde vêm o alimento das pessoas que lêem o site "Ego" e dos "famosos" que desejam ardentemente terem seus nomes lá. Até no nome do site tem piada embutida.

Mas, vá lá... Tem coisa que nem Freud explica.



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Minha Alma tem Pressa - Mario de Andrade


Peço licença, mas hoje irei transcrever um belíssimo texto do autor Mario de Andrade.

Sei que tenho muito futuro pela frente, mas esse texto fala exatamente como sempre me senti - mesmo quando tinha 15 anos.

Deliciem-se:


"Contei meus anos e descobri que terei... menos tempo para viver daqui para a frente,do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado, do que futuro. Sinto-me como aquele menino, que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões, onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos, tentando destruir quem eles mais admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias, que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos, que brigaram pelo majestoso cargo, de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade... Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!"

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Geração babá





Sei que vou entrar em um campo minado. Qualquer movimento brusco pode fazer uma bomba nuclear explodir na minha cabeça, mas... Vou escrever mesmo assim. Aliás, vou tentar.

Falar sobre a criação de filhos - principalmente dos outros - gera um mal estar absurdo e não é para menos. Quem a pessoa pensa que é para dizer o que é certo ou errado na educação do seu filho? Concordo! Ser mãe é uma arte muito subjetiva. Criança não vem com bula e cada caso é um caso, afinal ali tem um ser humano com vontades, com personalidade, com dificuldades, com defeitos. Acredito que cabe a cada mãe (atenta) perceber a linguagem que ela considera a que mais se aproxima da correta.


Mãe erra sim! Mas, mãe é absolvida dos seus "crimes" quando ela erra tentando acertar. Acho que é exatamente esse o ponto. Qualquer erro é admissível, contanto que a mãe ache, do fundo do seu coração, que está acertando.

Só que existe um específico erro que eu não consigo ver saída, bato o martelo e afirmo que a mãe é culpada sim e merece punição. Aliás, a punição virá, mais cedo ou mais tarde e não serei eu que irá decretar sua penalidade e sim seu(s) próprio(s) filho(s). Falarei sobre isso adiante.

A mulher, graças à muita luta, conseguiu sair do papel de dona de casa. As mulheres agora estão ativas no mercado de trabalho e muitas delas são respeitadas por isso.

Se você tem mais de 30 anos, pergunte à sua mãe se na época dela era comum ver mulheres médicas, advogadas... Ela vai responder que não. No máximo, as mulheres tinham a "permissão" de serem professoras, pedadogas, enfermeiras e quiçá psicólogas. Hoje o mundo mudou, vemos mulheres economistas, jornalistas. Vemos mulheres em cargos de chefia, diretoria e temos até uma presidente.

A mulher conseguiu provar para o mundo e para si mesma que pode, que tem capacidade! Ufa! Ainda bem!

Só que o mercado de trabalho é briga de cachorro grande. Apesar dessa revolução, sinto que a mulher tem a obrigação de ser sempre MUITO melhor para poder se destacar. Ainda há muito preconceito, às vezes não tão velado, sobre mulheres no mercado de trabalho. É sabido, por exemplo, que é comum uma mulher ganhar um salário menor do que um homem, mesmo que ela ocupe o mesmo cargo e tenha as mesmas responsabilidades.

Bom, com essa pressão latente, a mulher tem que batalhar e muito para conseguir o seu almejado sucesso profissional. São horas afinco no trabalho, noites em claro, finais de semana focados em um projeto. Mulher que é mulher tem garra, está pouco se lixando se o chefe mandou entregar uma planilha complexa no dia seguinte às 7 horas da manhã e avisou isso no dia anterior às 21 horas. Ela sabe que vai ter que se desdobrar em mil: dar atenção ao marido, colocar a janta, tomar banho, manter-se bonita (afinal a concorrência não está para brincadeira e a auto-estima agradece) e sentar a bunda na frente do computador... Quem sabe até ela consegue algumas horinhas de sono para não ter que aparecer no trabalho com cara de urso panda, tamanha as olheiras.

Isso se, no meio do caminho, ela não se deparar com uma TPM diabólica, um telefonema da mãe reclamando da tia, um marido chato ou uma amiga desesperada porque se descobriu traída.

Está aí, inclusive, uma das coisas que mais admiro na mulher: a nossa capacidade de ser muitas em uma só. Nós mulheres temos várias facetas interessantíssimas. Somos amigas, filhas, amantes, esposas, irmãs, funcionárias, chefes e até enfermeiras de maridos gripados (desculpe-me homens, mas qualquer dorzinha de garganta para vocês parece um martírio). Enfim, a mulher mata um leão por dia.

Só que no meio desse alvoroço todo tem a maternidade. NENHUMA MULHER nasce sabendo ser mãe. O máximo que pode acontecer é a mulher nascer com instinto maternal, o que é bem diferente.

Pois bem, o que me faz vir escrever esse post é algo que muito me incomoda - o tal erro que citei no início do post que, na minha opinião, não tem absolvição- e que é rotina nas classes mais bem sucedidas financeiramente: crianças sendo criadas por babás.

Não vou nem entrar no mérito de debater o motivo disso. Quero acreditar que isso está ocorrendo, porque as mulheres estão trabalhando muito. Só de imaginar as dondocas que não pegam o filho no colo para não quebrar as unhas recém-feitas, me dá gastura.

Mas, já deixo claro também que não há trabalho que justifique isso. Conviver com o filho tem a ver com qualidade e não com quantidade de tempo.

Aqui no Rio e em São Paulo é mais do que "normal" ver crianças, inclusive nos finais de semana, nos colos das babás com a mãe AO LADO.

Conversando ontem com a minha amiga ao telefone sobre esse assunto, ela me disse que, quando mais nova, trabalhou numa casa de família que a mãe exibia seu filho em eventos sociais, mas que se recusava a pegá-lo no colo para não amassar a roupa. Quase tive um treco quando minha amiga disse que havia uma babá para o filho e outra babá para a filha. Que isso? Estão terceirizando a educação dos filhos?

Não há nada que justifique essa displicência, absolutamente nada.

Não gosta de criança, não tem paciência, não consegue se ver no papel de mãe? Ok! Simples, não seja mãe! Mas não pague à uma pessoa para exercer um papel que é seu!

A babá existe para ajudar, para somar e não para se vestir toda de branco (Oi? Alguém me explica o porquê disso) e ir tomar sol com seu filho num domingo pela manhã ou correr com ele numa pracinha em um sábado à tarde. Seus braços vão cair se você segurar seu filho no colo em um passeio no shopping? Você vai ter um AVC se passar algumas horas brincando com seu filho?

O papel da mãe ninguém supre. Criança sente falta da mãe, se espelha nela, aprende seus conceitos morais com ela, reconhece seu cheiro, sua voz... Tirar esse direito da criança, por qualquer motivo, é cruel, sórdido! Se o motivo for fútil, PIOR AINDA!

O que serão dessas crianças criadas por babás? Que tipo de personalidade elas irão desenvolver diante dessa negligência materna? Como elas irão se relacionar com o mundo e com as pessoas à sua volta?

Imaginem a seguinte cena: a mãe passeia com o filho e a babá na rua. Com a obra do acaso, essa criança tropeça e cai machucando seu joelhinho. Ao levantar-se, chorando, a criança pedirá auxílio e conforto para aquela que está realmente presente em sua vida, que a coloca para dormir, que conhece todas as suas nuances, que ensina, que está presente não só fisicamente, que ela sabe que é seu porto seguro...

Fica a pergunta: a criança irá para os braços da mãe ou da babá?

Como essa criança irá se sentir caso essa babá saia do emprego? Afinal de contas, por mais afeto que a babá tenha pela criança, ela não pode afirmar com 100% de certeza que estará ao seu lado até ela completar 15 anos, diferente da mãe, que só sai fisicamente da vida da criança quando morre.

Acho que, no frigir dos ovos, o que essas mulheres precisam é aprenderem a diferença entre ser MÃE e ser mera parideira.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Homem tem coração?



Ontem aconteceu, Brasil afora, as rodadas dos campeonatos estaduais. Grêmio versus Internacional, Palmeiras versus Corinthians e aqui no Rio: Vasco versus Flamengo.

O que me motivou a escrever esse post foi o jogo de ontem aqui no Rio - que fez o Flamengo campeão carioca nos pênaltis.

Eu saí de casa ontem, por volta das 14h, para ir na casa de uma amiga. As ruas estavam desertas, havia no ar um silêncio tão profundo que era quase paupável.

Enfim, fui à casa dessa minha amiga e lá fiquei até por volta das 20h. 

O jogo já havia acabado fazia tempo. Ouvimos do apartamento dela a gritaria, os palavrões, toda a algazarra quando o jogo acabou. Durante um tempo, ouvíamos buzinas estridentes, gritos de euforia e etc. mas, no horário em que eu saí, tudo parecia ter voltado ao normal.

Passei por vários restaurantes, bares, lanchonetes e, em todos, vi torcedores "bebemorando" a vitória do seu time. Todos muito alegres, sorridentes, falando alto. Comportamento esse comum em homens quando ganham um campeonato e, ainda mais, quando o jogo foi contra o seu "rival eterno".

Só que aí, quando estava chegando em casa, passei em frente a um bar. Estava meio vazio, alguns senhores apenas olhando a TV e ouvindo os comentários sobre o jogo. Em uma mesa havia um casal. Ele segurava a cabeça com as mãos, com os cotovelos apoiados sobre as suas pernas. Ela acariciava sua cabeça e parecia dizer palavras de carinho e conforto.

Quando passei em frente a eles, ele levantou o rosto e então pude ver que seu rosto estava lavado em lágrimas. Seu rosto chegava a estar vermelho, seus olhos inchados. Seu choro era verdadeiro e devastador. Sua dor derramava pelos olhos.

Eu já tinha visto esse tipo de cena várias vezes, mas como agora tenho um blog, o que vi ontem me deu uma vontade louca de escrever sobre o seguinte tópico:

Homem tem coração?

Muito se fala da incapacidade do homem de ter sentimentos, que eles têm uma pedra no peito, que são frios e lógicos.

Sempre achei essa afirmativa bastante injusta. Não são poucos os homens sensíveis que conheço. A diferença é que eles não costumam externar isso em público. Da mesma forma que, em contrapartida, conheço mulheres que são frias, mas em público demonstram ser sensíveis.

Por que o sentimento tem que ser sempre exposto de forma clara ou até caricata, para que se tenha a certeza da sua existência? 

Saio de cima do meu "pedestal do saber feminino" e penso com a seguinte lógica: os homens, desde que o mundo é mundo, são cobrados para serem fortes. Homens iam às guerras, tinham que matar animais para alimentar a família, tinham que defender fisicamente seus familiares de ataques... "Ter sentimentos" sempre foi indício de fraqueza. Não havia tempo para lágrimas.

Isso se perpetuou. Mulher pode chorar, se descabelar, se jogar ao chão de tanta tristeza. O homem não! Ele tem que se manter firme, sólido, no máximo uma lágrima tímida pode escorrer pelo seu rosto. Qualquer coisa diferente disso gera uma implicância generalizada dos próprios homens que, aos berros e com muita ironia, dizem: "Pô, pára com essa porra! Isso é coisa de viado!", "Fulano está chorando? Xi... Que boiola!"

Tô mentindo?

Sempre detestei verdades absolutas. Gosto de olhar as pessoas de maneira individual, independentes do gênero, idade, credo, posição social, aparência física ou qualquer outra coisa. Sempre tive a certeza de que olhar as pessoas de forma generalizada é raso. Odeio rótulos!

Ontem, o rapaz que chorava pela derrota do seu time ilustra bem o que quero dizer.

Os homens (assim me parece) usam o futebol como uma válvula de escape para seus sentimentos. Ao torcerem, perdendo ou ganhando, é socialmente aceito que eles chorem, fiquem tristes, pulem de alegria, se abracem.

Muito provavelmente, o torcedor que vi ontem, não chorava apenas pela derrota do seu time. Estava chorando por inúmeros motivos, que ele mesmo nem tenha consciência. Mas, ele estava ali exposto, nu, deixando transparecer sua fragilidade, seus sentimentos, seu coração...

Até onde sei, não existe uma cartilha de regras sobre sentimentos. Quer dizer então que se uma pessoa não chorar num filme romântico, ela é em robô? Quer dizer então que se uma pessoa não verbalizar o que sente, ela merece a forca? Quer dizer então que se uma pessoa não ler poesias, ela merece ser apedrejada em praça pública?

Claro que existem uns ogros por aí, mas eu ainda acho que eles fazem mais pose do que qualquer outra coisa. Eles sentem, mas não demonstram. (E que fique claro que não estou falando dos psicopatas. Esses sim, incapazes de sentir)

O sentir é muito subjetivo e, principalmente, é interno. Não é porque meus olhos não veem, que significa que não está ali, estalando, pulsando...

Homens, podem ficar roxos de ódio porque uma falta não foi marcada, podem se abraçar calorosamente a cada gol do seu time, podem xingar o juíz de todos os palavrões, podem beijar loucamente a bandeira do seu time... Mas, quando vocês nos verem chorando - seja lá qual for o motivo - por favor, não nos olhem com desdém e pensem com ironia: "Pô, mulher é uma raça chata!".

Sem  rótulos!