segunda-feira, 9 de maio de 2011

Geração babá





Sei que vou entrar em um campo minado. Qualquer movimento brusco pode fazer uma bomba nuclear explodir na minha cabeça, mas... Vou escrever mesmo assim. Aliás, vou tentar.

Falar sobre a criação de filhos - principalmente dos outros - gera um mal estar absurdo e não é para menos. Quem a pessoa pensa que é para dizer o que é certo ou errado na educação do seu filho? Concordo! Ser mãe é uma arte muito subjetiva. Criança não vem com bula e cada caso é um caso, afinal ali tem um ser humano com vontades, com personalidade, com dificuldades, com defeitos. Acredito que cabe a cada mãe (atenta) perceber a linguagem que ela considera a que mais se aproxima da correta.


Mãe erra sim! Mas, mãe é absolvida dos seus "crimes" quando ela erra tentando acertar. Acho que é exatamente esse o ponto. Qualquer erro é admissível, contanto que a mãe ache, do fundo do seu coração, que está acertando.

Só que existe um específico erro que eu não consigo ver saída, bato o martelo e afirmo que a mãe é culpada sim e merece punição. Aliás, a punição virá, mais cedo ou mais tarde e não serei eu que irá decretar sua penalidade e sim seu(s) próprio(s) filho(s). Falarei sobre isso adiante.

A mulher, graças à muita luta, conseguiu sair do papel de dona de casa. As mulheres agora estão ativas no mercado de trabalho e muitas delas são respeitadas por isso.

Se você tem mais de 30 anos, pergunte à sua mãe se na época dela era comum ver mulheres médicas, advogadas... Ela vai responder que não. No máximo, as mulheres tinham a "permissão" de serem professoras, pedadogas, enfermeiras e quiçá psicólogas. Hoje o mundo mudou, vemos mulheres economistas, jornalistas. Vemos mulheres em cargos de chefia, diretoria e temos até uma presidente.

A mulher conseguiu provar para o mundo e para si mesma que pode, que tem capacidade! Ufa! Ainda bem!

Só que o mercado de trabalho é briga de cachorro grande. Apesar dessa revolução, sinto que a mulher tem a obrigação de ser sempre MUITO melhor para poder se destacar. Ainda há muito preconceito, às vezes não tão velado, sobre mulheres no mercado de trabalho. É sabido, por exemplo, que é comum uma mulher ganhar um salário menor do que um homem, mesmo que ela ocupe o mesmo cargo e tenha as mesmas responsabilidades.

Bom, com essa pressão latente, a mulher tem que batalhar e muito para conseguir o seu almejado sucesso profissional. São horas afinco no trabalho, noites em claro, finais de semana focados em um projeto. Mulher que é mulher tem garra, está pouco se lixando se o chefe mandou entregar uma planilha complexa no dia seguinte às 7 horas da manhã e avisou isso no dia anterior às 21 horas. Ela sabe que vai ter que se desdobrar em mil: dar atenção ao marido, colocar a janta, tomar banho, manter-se bonita (afinal a concorrência não está para brincadeira e a auto-estima agradece) e sentar a bunda na frente do computador... Quem sabe até ela consegue algumas horinhas de sono para não ter que aparecer no trabalho com cara de urso panda, tamanha as olheiras.

Isso se, no meio do caminho, ela não se deparar com uma TPM diabólica, um telefonema da mãe reclamando da tia, um marido chato ou uma amiga desesperada porque se descobriu traída.

Está aí, inclusive, uma das coisas que mais admiro na mulher: a nossa capacidade de ser muitas em uma só. Nós mulheres temos várias facetas interessantíssimas. Somos amigas, filhas, amantes, esposas, irmãs, funcionárias, chefes e até enfermeiras de maridos gripados (desculpe-me homens, mas qualquer dorzinha de garganta para vocês parece um martírio). Enfim, a mulher mata um leão por dia.

Só que no meio desse alvoroço todo tem a maternidade. NENHUMA MULHER nasce sabendo ser mãe. O máximo que pode acontecer é a mulher nascer com instinto maternal, o que é bem diferente.

Pois bem, o que me faz vir escrever esse post é algo que muito me incomoda - o tal erro que citei no início do post que, na minha opinião, não tem absolvição- e que é rotina nas classes mais bem sucedidas financeiramente: crianças sendo criadas por babás.

Não vou nem entrar no mérito de debater o motivo disso. Quero acreditar que isso está ocorrendo, porque as mulheres estão trabalhando muito. Só de imaginar as dondocas que não pegam o filho no colo para não quebrar as unhas recém-feitas, me dá gastura.

Mas, já deixo claro também que não há trabalho que justifique isso. Conviver com o filho tem a ver com qualidade e não com quantidade de tempo.

Aqui no Rio e em São Paulo é mais do que "normal" ver crianças, inclusive nos finais de semana, nos colos das babás com a mãe AO LADO.

Conversando ontem com a minha amiga ao telefone sobre esse assunto, ela me disse que, quando mais nova, trabalhou numa casa de família que a mãe exibia seu filho em eventos sociais, mas que se recusava a pegá-lo no colo para não amassar a roupa. Quase tive um treco quando minha amiga disse que havia uma babá para o filho e outra babá para a filha. Que isso? Estão terceirizando a educação dos filhos?

Não há nada que justifique essa displicência, absolutamente nada.

Não gosta de criança, não tem paciência, não consegue se ver no papel de mãe? Ok! Simples, não seja mãe! Mas não pague à uma pessoa para exercer um papel que é seu!

A babá existe para ajudar, para somar e não para se vestir toda de branco (Oi? Alguém me explica o porquê disso) e ir tomar sol com seu filho num domingo pela manhã ou correr com ele numa pracinha em um sábado à tarde. Seus braços vão cair se você segurar seu filho no colo em um passeio no shopping? Você vai ter um AVC se passar algumas horas brincando com seu filho?

O papel da mãe ninguém supre. Criança sente falta da mãe, se espelha nela, aprende seus conceitos morais com ela, reconhece seu cheiro, sua voz... Tirar esse direito da criança, por qualquer motivo, é cruel, sórdido! Se o motivo for fútil, PIOR AINDA!

O que serão dessas crianças criadas por babás? Que tipo de personalidade elas irão desenvolver diante dessa negligência materna? Como elas irão se relacionar com o mundo e com as pessoas à sua volta?

Imaginem a seguinte cena: a mãe passeia com o filho e a babá na rua. Com a obra do acaso, essa criança tropeça e cai machucando seu joelhinho. Ao levantar-se, chorando, a criança pedirá auxílio e conforto para aquela que está realmente presente em sua vida, que a coloca para dormir, que conhece todas as suas nuances, que ensina, que está presente não só fisicamente, que ela sabe que é seu porto seguro...

Fica a pergunta: a criança irá para os braços da mãe ou da babá?

Como essa criança irá se sentir caso essa babá saia do emprego? Afinal de contas, por mais afeto que a babá tenha pela criança, ela não pode afirmar com 100% de certeza que estará ao seu lado até ela completar 15 anos, diferente da mãe, que só sai fisicamente da vida da criança quando morre.

Acho que, no frigir dos ovos, o que essas mulheres precisam é aprenderem a diferença entre ser MÃE e ser mera parideira.

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