A medicina mental evoluiu muito nos últimos anos e, com isso, o que antes era considerado quase que um assunto proibido, hoje pode-se debater, ter informações e etc.
Hoje fala-se abertamente sobre depressão, mania, transtornos alimentares (anorexia e bulimia), ansiedade, esquizofrenia e afins. Eu acho isso ótimo, pois sempre me incomodou o fato de que qualquer comentário a respeito disso deixava-se no ar um certo "ranço": era vergonha admitir qualquer um desses problemas, não importando se estava acontecendo com você ou com alguém próximo. Muitos preconceitos eram arraigados demais. Perdi a conta de quantas vezes ouvi pessoas - muitas delas inteligentes, com acesso à informação - afirmarem com categoria, por exemplo, que depressão era fraqueza ou até frescura.
Claro que ainda há certos comentários maldosos a respeito disso, mas diante da enorme evolução na medicina, não há mais como se prender a determinados conceitos arcaicos.
ÓTIMO! Detesto essa mania que a sociedade tem de "varrer para debaixo do tapete" assuntos polêmicos. Vamos sim colocar na roda esses debates, vamos procurar maior entendimento, vamos procurar soluções.
Só que aí a 3ª lei de Newton funciona que é uma maravilha...
A 3ª lei de Newton diz que "toda ação gera uma reação de igual intensidade, mesma direção, mas em sentido contrário". Resumindo: era proibido falar desses assuntos que citei acima (ação), agora é quase moda falar deles (reação).
Virou uma bagunça generalizada e com direito a auto-medicação!
É "cool" afirmar numa rodinha de amigos que você faz análise a alguns anos. É "in" ter um psiquiatra de confiança para indicar. É comum ver pessoas trocando relatos sobre esse ou aquele medicamento. Pára o mundo que eu quero descer!
Todos esses problemas são sérios e DEVEM ser levados à sério. O que vejo acontecer atualmente é algo muito irritante. Fala-se disso tudo com leviandade. A coisa não é bem assim.
"Estou me sentindo tão triste hoje...". No problem! Taca um remedinho goela abaixo que resolve. "Não consigo dormir...". Tá resolvido! Minha amiga tem um remédio que é tiro e queda!
Como assim, cara pálida?
Problemas todos nós temos! Todo mundo se sente angustiado, ansioso, nervoso, triste, estressado... Quando isso vira rotina, aí sim deve-se procurar ajuda de um profissional da área, mas se esses sentimentos forem apenas reações diante de algo paupável, não tem outro jeito: deve-se enfrentar e se permitir sentir. Afinal, temos sangue nas veias e não água boricada.
Tenho a sensação de que muito se trabalha na consequencia, mas pouco na causa. Esses medicamentos, quando não bem empregados, apenas camuflam o real problema, anestesiam! Mas e o que gera rotinamente a tristeza, ansiedade e etc? Finjo que não existe e "fujo" tomando remédio?
Que fique claro que não estou aqui fazendo apologia contra medicamentos. Tenho plena convicção de que toda doença deve ser tratada com todos os instrumentos disponíveis. O que estou questionando é a maneira rasa como isso está sendo tratado na sociedade. Fico com a sensação de que é quase "legal" ter depressão, por exemplo.
Li uma vez em algum lugar - não sei precisar onde - uma frase bem interessante: "É muito difícil encontrar a felicidade dentro de nós mesmos, mas é impossível encontrá-la fora.". Perfect! É isso aí! Com tantos problemas e cobranças atuais é difícil demais achar a felicidade dentro da gente, mas vamos combinar que realmente é impossível achá-la fora, principalmente em um frasquinho de remédio.
Pare para fazer uma auto-análise: sua tristeza é companheira certa no seu dia a dia? Procure ajuda! Você fica profundamente irritado com qualquer coisa banal? Não se martireze, procure ajuda! Você está diariamente com dificuldade para dormir? Converse com um bom profissional a respeito! Você sente que tem sentimentos mal resolvidos dentro de você? Procure um bom psicólogo para te ajudar a se entender! Isso sim é levar à sério essas questões! Seja através de uma terapia ou quiçá um psiquiatra, tudo isso tem solução. O que não pode acontecer é transformar tudo isso em moda!
Pessoal, fica a dica: remédio tarja-preta não é o novo preto!
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