sábado, 3 de dezembro de 2011

Saber Perdoa-se!


Muito se fala em perdão e eu sou aquele tipo de pessoa que sei perdoar.

Não estou falando do perdão cristão no qual sou quase que obrigada a ter, senão sentarei ao lado de Lúcifer. Estou falando do perdão simples: aquele que me facilita viver e conviver. O perdão diário, que anda de mãos dadas com a consicência de que todos são passíveis de erros e que NINGUÉM é perfeito.

Claro que não perdôo tudo. Pera lá! Mas, admito que tenho a capacidade de esquecer o que me foi feito. Primeiro passo dias (até semanas) remoendo a tristeza, mas um belo dia PUF, o acontecimento deixa de ser importante. Acho que perdoar é isso: esquecer, deixar para lá.

Mas, tenho uma séria dificuldade: me perdoar!

Há algum tempo atrás, eu estava perdidamente apaixonada por um rapaz. Apaixonada mesmo. Aquele sentimento que nos faz revirar as vísceras e que também nos traz uma paz interna diferente.

Ele falava coisas para mim que eu, nem nos meus sonhos mais complexos, poderia imaginar que escutaria de um homem. Sentia-me especial diante disso.

Ele não era perfeito e, preciso pontuar, tinha um histórico de vida bem complicado. Só que ele tinha características fundamentais para mim: honesto, batalhador, inteligentíssimo, engraçado... Sem falar que o achava lindo, charmoso... Bastava olhar para seus lindos (porém tristes) olhos castanhos para se perder e não fazer a menor questão de se achar.

Nossos momentos eram intensos e reais e apesar de todos os traumas e dificuldades dele, estar ao lado dele era mais que delicioso, era pleno...

Um dia, por causa de um comentário meu bobo, sem malícia alguma, ele explodiu! Explodiu mesmo!

Ele esqueceu tudo de belo e bonito que dizia olhando nos meus olhos e vomitou acusações a meu respeito. Foi tudo tão surreal que eu não tive espaço e nem tempo para tentar argumentar. Cada palavra dele entrava em mim como um punhal. Silenciei-me.

No dia seguinte, logo após ele sair para o trabalho, eu, sem fazer nenhum alarde, juntei minhas coisas, escrevi uma carta para ele e fui embora... Antes de bater a porta, fiquei olhando silenciosamente seu apartamento... Desejando imensamente que, o que tinha acontecido na noite anterior, não passasse de um pesadelo e que eu iria acordar. Tolinha! Eu já estava acordada e muito bem disperta.

Não vou negar que após isso esperei que ele se desse conta do que havia me dito e que iria me procurar para desculpar-se, que lembraria do que vivemos e que isso iria pesar mais. Mas, lembrei-me do seu orgulho - e até prepotência - e dei-me conta de que ele, mesmo que consciente, não iria me procurar.

Nesse momento, eu já o havia perdoado, já havia juntado todas as peças do quebra-cabeça de sua vida. Percebi que ele não poderia se resumir naquele ataque de fúria e que ele era muito mais que isso e, por isso, tentei várias reaproximações.

Todas falhas, é claro! Ele não saiu do seu "pedestal" de saber. Continuou irredutível, frio, gélido, indiferente. O máximo que ouvi foi "você precisa de terapia intensiva" e mesmo assim eu relevei, perdoei, deixei para lá.

Óbvio que não faço mais tentativa nenhuma, perdoei e esqueci. Claro que com uma dose de lamentação, mas coloquei-o na minha pasta do passado.

Mesmo assim, eu continuava sentindo um incômodo. Tinha certeza que não era saudade, mágoa e nem amor ferido, o que haveria de ser então?

Foi aí que dei-me conta de que eu ainda NÃO ME PERDOEI por ter "permitido" que a situação chegasse aonde chegou. Em uma situação como essa é óbvio que em vários momentos me foi mostrado essa faceta dele, mas onde eu estava com a cabeça que não vi?


Eu estava apaixonada, ora bolas. Desde quando uma mulher apaixonada consegue ser lógica?

Percebi então que, mais importante do que perdoar o outro é saber perdoar-se. Perceber que somos humanos e não nascemos com manual.

Ok! Ainda não cheguei a esse patamar. Continuo, às vezes, me chamando de "estúpida" em silêncio.

No frigir dos ovos, não tenho que me perdoar, afinal não fiz nada de errado. Apenas me apaixonei por uma pessoa que não sentia o mesmo. Não sou a primeira mulher e nem serei a última a sentir isso na carne.

Sou imperfeita e that's all!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Run, Forrest, Run!!!


Que o mundo atualmente está uma correria só, não é novidade para mais ninguém! 
As pessoas andam na rua com passos acelerados e, caso você esteja distraída, andando normalmente numa calçada muito movimentada, tem sempre um "Humf!" propositalmente jogado no seu cangote, para logo em seguida a pessoa te ultrapassar com a maior cara feia do mundo, como se você tivesse acabado de cometer um ato pecaminoso.

Mal o sinal abre, SEMPRE tem um carro que tasca a mão na buzina. É tão rápido, que fico com a impressão de que o motorista fica com a mão a postos, olhando o sinal vermelho ficar verde para poder buzinar primeiro.

Tudo hoje em dia tem que ser muito rápido: dietas que fazem você emagrecer 15 kg em uma semana, problemas têm que ser resolvidos ontem senão o mundo acaba...

Mas, tem o lado bom dessa rapidez. Por exemplo, a rapidez da informação. Com o avanço da internet, temos notícias sobre o mundo todo em tempo real e eu acho isso muito bom, mas muito bom mesmo.

Mas... E quando essa rapidez também atinge as relações humanas?

Mulheres estão numa boate, homens vão assediá-las. Mais do que normal, ora bolas! O homem nem precisa gastar muita saliva, em questão de minutos o novo casal formado já está se atracando aos beijos e logo depois saindo de mãos dadas para ir para o Motel.

Pára tudo! Não sou puritana não!!! Mas será que dava para que isso acontecesse de forma mais lenta? Não lenta a ponto de você começar a achar que o cara é um banana, mas em um espaço de tempo que dê para avaliar se realmente vale à pena beijar esse homem e quem sabe até pintar um sexo depois... Sei lá. Acho isso muito estranho.

Você entra para uma faculdade, uma pós, uma academia ou um emprego novo. Dá de cara com uma pessoa na qual você teve simpatia imediata. Saem para tomar um chopp ou jantar, sei lá. Em dez minutos de conversa: "Você é de capricórnio? Nossa! Eu também!", "Sua mãe é de Aracaju? A minha também!". Pronto, já viraram amigos de infância, trocam confidências, se falam todos os dias.

Um casal começa a namorar! Que delícia é início de namoro, onde a gente descobre dia a dia ainda mais a pessoa, sente saudade e etc. Não se dão três meses, já estão morando juntos. Mais uns cinco meses em média e a mulher já engravida.

PÁRA!!! Que isso minha gente?

Existe uma diferença ENORME entre ser ousado(a), em não ter medo de se arriscar, em ser corajoso(a), em ser destemido(a) E ser rápido(a) em suas ações em relacionamentos.

Tudo bem que isso não é regra: um casal que se conhece em um dia e no outro se casa no civil pode dar super certo e daqui a quarenta anos estarem ainda andando com suas mãozinhas enrugadinhas dadas, mas pô! Vamos com calma! Por que essa pressa toda?

Enfim, toda estrada, em algum momento vai ter curva. Se você estiver com o pé no acelarador a 200 km/h, o carro que você investiu e acreditou que lhe traria alegria, segurança e conforto irá capotar e muito provavelmente irá te machucar seriamente, inclusive correndo o grande risco de machucar também pessoas que estejam à sua volta, incluindo quem está sentado no banco do carona.

Sei que todos temos pressa para sermos felizes, mas a felicidade não está ali paradinha na chegada de uma corrida de 100 metros rasos, como se fosse um troféu para quem chegar primeiro.

Não precisa correr! Basta apenas estar atento para perceber quando ela surgir como possibilidade.

Correr para ser feliz só lhe dará câimbra, falta de ar e cansaço. Mesmo que essa corrida seja para estar ao lado de alguém.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tudo é uma questão de bom senso!






Sempre apreciei sinceridade e transparência como características latentes em qualquer ser humano. É muito mais fácil lidar, por exemplo, com uma pessoa fofoqueira, interesseira, gananciosa, mas que não esconde isso de ninguém, do que lidar com uma pessoa que mais parece uma linda e leve fada lilás, com uma voz que quase lembra uma sinfonia de Bach, mas que verdadeiramente está esperando uma brechinha qualquer para lhe passar a perna, te difamar e lhe meter uma faca nas costas.

Gosto mesmo de pessoas autênticas, que não se escondem atrás de esteriótipos. Que elas tenham características que vão totalmente contra aos meus conceitos éticos e morais, mas pelo menos estão ali, mostrando o que são, sem dissimulação. Conhecer o "inimigo" é fundamental.

Só que existe um contra-ponto: eu ou você podemos afirmar com toda a certeza do mundo que SEMPRE fomos sinceros e transparentes? Eu me acho uma pessoa sincera sim, mas sem hipocrisia, nem sempre fui sincera em várias ocasiões.

Você tem uma amiga com uma tendência histérica, ela é um amor de pessoa, mas qualquer situação que saia do seu controle vira uma tragédia grega, com direito a prantos intermináveis, consultas extras na terapia, medicamentos tarja-preta e dias enfiada num quarto escuro ouvindo blues. Um belo dia, você está andando no centro da cidade e dá de cara com o noivo dela quase engolindo uma loira de salto agulha, em plena luz do dia. Claro que suas vísceras irão ferver tamanha a revolta, mas se essa sua amiga vier lhe perguntar se você viu seu noivo com alguma mulher você dirá verdade? Será sincera? Pois eu não! E não tenho vergonha de admitir isso. Não contarei não porque sou "em cima do muro", mas sim porque esse tipo de verdade dita só machuca. Um homem que se atraca com uma mulher tendo um compromisso com sua amiga em plena luz do dia, além de canalha, é covarde! Ele quer mesmo é ser visto e que alguém faça o papel que ele não teve culhões para fazer... E, vamos combinar: as chances de você contar o que viu, ele fazer papel de vítima, ele e sua amiga reatarem e você ficar com cara de tacho e ainda ser acusada de intrigueira são enormes.

Você trabalha em um escritório e nele também trabalha um rapaz irritantemente chato. Daqueles que fazem nascer em sua mente as ideias mais cruéis de tortura medieval. Vive fazendo piadinhas sem graça, implica, coloca apelidos, se mete nas conversas. Aquele tipo de pessoa que é capaz de tirar do sério até um monge budista, que acorda já na intenção de pertubar a vida de alguém. Você será transparente e fará cara feia cada vez que ele se aproximar fazendo algo insuportável? Você dirá diretamente para ele o quanto incomoda com suas atitudes? Eu não! É exatamente isso que ele quer! Quer azucrinar. Se eu fizer cara feia ou tecer algum comentário, estarei dando a ele o troféu que ele tenta ganhar todo dia. Visto sem pudores minha "máscara de samambaia" e olho para ele como se estivesse olhando um poste, por mais que por dentro eu quisesse estrangulá-lo.

Você tem um namorado que você ama e que te ama também: inteligente, lindo, culto, charmoso, carinhoso, mas como não existem "pacotes perfeitos", ele, em algumas situações, é severo em demasia, se irrita por pouca coisa e acha que está sempre com a razão. Começa uma discussão entre vocês e ele começa a esbravejar um monte de impropérios desnecessários, grita, anda de um lado para o outro e pode até te acusar de coisa que você não fez. Você será sincera e dirá que ele parece um ogro, que não tem mais idade para agir como uma criança birrenta? Eu não! Fico quieta! Em outra ocasião, com muita delicadeza, falarei sobre isso para que não pareça cobrança e nem crítica velada.  

Tudo é uma questão de bom senso.

Eu gosto da verdade, sempre gostei, mas o bom senso me mostra a cada dia que ela tem que servir como instrumento para agregar, para somar, para evoluir e não como uma espada enfiada na barriga de alguém.

Vejo muita gente por aí levantando bandeiras de "sinceridade" e "transparência", mas deixando no seu caminho inimizades, mal estar, clima pesado.

Não é todo mundo que está pronto para ouvir uma verdade e mesmo que essa pessoa aguente o tranco de ouvir uma, cabe ao nosso bom senso sabe detectar o momento de dizê-la e como dizê-la. Qualquer coisa diferente disso não é ser sincera e sim cruel.

Minha transparência, por exemplo, não é exercitada olhando de rabo de olho para uma pessoa insuportável cada vez que ela passa. Minha transparência é mostrada simplesmente evitando ao máximo conversar com essa pessoa e sendo apenas educada. Combinação perfeita: transparência + bom senso.

O que realmente importa nessa vida é que sejamos sinceros e transparentes com nós mesmos. 

Se o pessoal da empresa marca de tomar um chopp que você não está com o menor saco de ir, não vá. Seja educada, diga que lamenta e que está com dor de cabeça. Se uma amiga liga às 2h da manhã para chorar pitangas porque seu corte de cabelo ficou horrível e você tem uma reunião marcada às 7h, educadamente deixe claro que você não está disponível naquele momento... Isso é ser sincera consigo mesma, sem precisar dizer a verdade nua e crua.

Tudo é uma questão de bom senso.

Na vida, usamos máscaras sim. Usamos para nos proteger, usamos para não nos expôr, usamos para evitar brigas homéricas, usamos para conviver com pessoas chatas, mas que temos que conviver, usamos para não machucar quem a gente gosta, usamos para não alimentar a energia de "vampiros emocionais", mas tudo com bom senso.

A linha que separa o bom senso de falsidade e dissimulação é tênue. Não usa-se máscaras para tentar convencer os outros de algo que você não é. É apenas um instinto de sobrevivência, já que vivemos e PRECISAMOS conviver em sociedade.

A chamada para o seriado "Arquivo X" dizia: "A verdade está lá fora!".

Ótimo slogan publicitário, mas a verdade está dentro e, em muitos casos, é onde tem que ficar. Basta usar o bom senso.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Grito - Martha Medeiros


Ganhei de presente (e que presente!) o livro "Montanha Russa" da escritora e minha guru Martha Medeiros.

Por incrível que possa parecer, eu ainda não o tinha e quando eu o peguei em mãos o devorei sem dó e nem piedade.

É uma coletânea de crônicas dela que o leitor quando começa a ler, não consegue mais parar. É impossível passar inerte depois de ler algo escrito por Martha Medeiros.

Eu, sinceramente, acho que ela tem algo de mágico que liga sua mente às suas mãos na hora de escrever. Sua maneira de descrever, de forma tão esplêndida e profunda, o cotidiano, merece reverências.

Enfim, de todas as crônicas desse livro, escolhi uma para transcrever aqui nesse meu singelo blog.

Não tenho uma vírgula para acrescentar sobre essa crônica: "O Grito".

Apenas um alerta: preparem seus estômagos, porque Martha Medeiros irá socá-los...

O Grito 
Martha Medeiros
Livro "Montanha Russa"

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.
Ela sabe.

Não sei se gosto da minha namorada, diz um amigo para o outro.
Ele sabe.

Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.

Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe nos nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade impõe-se, fala mais alto que nós, ela grita.

Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, que nos confude, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar este amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno.

A verdade grita. Provoca febres, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.

Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Podemos amar e se relacionar com alguém sabendo que essa pessoa só está passando um tempo com você. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro.

Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado e é feliz, puxa, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!

Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.

Eu não sei por que sou assim.
Sabe.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Zoo e a Zona


Durante toda a minha infância (e isso já faz um tempo, digamos, considerável), meus pais me levavam quase que sempre à Quinta da Boa Vista, aqui no Rio de Janeiro.
Lembro-me como se fosse hoje a minha IMENSA alegria de ir passear lá. A Quinta da Boa Vista sempre foi um lugar mágico: imensos gramados verdes para correr (sendo alguns com inclinação suficiente para, inclusive, brincar de escorrega), pracinha com vários brinquedos, lagoa com uma pequena ilha que se chegava através de uma ponte, pequenas cavernas para brincar, museu, lugar para andar de bicicleta...

Nos finais de semana então era uma MARAVILHA: porque muitas pessoas levavam grandes pula-pulas e  charretezinhas para alugarem. Sem falar dos vendedores das mais diversas bugingangas coloridas que deixavam as crianças eufóricas e os pais com vontade de pedir falência.

A Quinta da Boa Vista é um lugar ENORME e é comum que as famílias passem o dia todo lá. Alguns com toalhas estendidas no gramado fazendo pequenique e outras fazendo aqueles lanchinhos nem um pouco saudáveis, mas que alimentam a alma.

A Quinta da Boa Vista cheira à pipoca, milho verde cozido, cachorro-quente, maçã do amor, algodão doce... Exala aquele cheiro delicioso de planta, com árvores lindíssimas. Ouve-se risadas deliciosas de crianças. Você olha em volta e vê natureza, casais de namorados trocando beijinhos deitados na grama, jovens sentados lendo livros... Nesse caso vou ser bairrista sem medo de errar: preferia mil vezes ficar com o rosto azul de tanto comer algodão doce, subir em árvore, correr até parar de sentir as pernas, do que ir à Disney. (mas logo aviso: essa é minha opinião apenas). É um lugar lúdico...

Mas, apesar de toda essa minha descrição acima sobre a Quinta da Boa Vista, tem um lugar lá que, para mim, é o verdadeiro paraíso: o Zoológico da Quinta da Boa Vista!

Ok! Tudo o que citei acima eu amava fazer, mas nada me dava mais prazer do que ir ao zoológico.

Sempre fui apaixonada por animais e ir ao zoo é um prazer indescritível!

Que gostoso era ver as lindas araras voando nas gaiolas. Que fascínio me causava ver o jacaré completamente estático, as tartaruguinhas nadando, os macacos ágeis pulando e interagindo com os visitantes, torcer para o hipopótamo sair de dentro da água. Contemplar a pose majestosa das aves de rapina. Ouvir maravilhada o rugido do tigre. Ficar impressionada com o tamanho da girafa.

Só que...

Nesse último sábado, depois de muito tempo, fui ao zoológico (que saco essa mania humana de se tornar adulto e não alimentar a criança dentro de si) e me deparei com uma cena que não há adjetivo para descrevê-la...

Dizer que é triste é pouco! Dizer que é lamentável é pouco! Acho que o adjetivo que mais se aproxima do que senti ao entrar no zoológico é REVOLTA.

O zoológico estava cheio, claro. Afinal, estava um lindo dia de céu azul no Rio de Janeiro e a temperatura estava agradabilíssima, mas apesar de todo esse contexto, eu olhava em volta e sentia no peito uma grande tristeza.

O zoológico da Quinta da Boa Vista está acabado. Em todas as jaulas onde contém algum tanque de água, em função da necessidade do animal, não tem água e sim LIMO. Limo grosso, daqueles que dá a impressão que dá para andar em cima. Em toda a caminhada que dei não vi, em momento algum, nenhum funcionário prestes a dar informação, orientar os visitantes a não irritar ou dar comidas aos animais. Não vi sequer UM segurança. A grande maioria dos animais estão apáticos. Têm jaulas sem animais e apenas com mato que chega a quase 2 metros de altura. Em outras jaulas, os animais dividem sua moradia com lixo ou também plantas que não são podadas, a pelo menos, 6 meses.

A cena mais chocante para mim foi quando cheguei na jaula do hipopótamo. Ela é dividida em duas partes e em cada parte havia 1 hipopótamo. Vi que um deles estava deitado, enquanto o outro ficava o cheirando através da grade. Até aí nada demais, certo? Pois é, quando olhei o muro que divide as duas jaulas, eu simplesmente contei 23 urubus posados. Vem cá... Eu não sou veterinária, mas até onde eu sei o urubu fica na espreita esperando algum animal morrer para poder se alimentar. Pergunta se em algum momento eu vi algum veterinário dando uma ronda para verificar o bem estar dos animais...

Ao sair pelo portão principal, fui até à ponte construída para que os visitantes possam ver alguns animais de cima... Sabe o que eu vi nesse terreno enorme? Uma capivara e três veados. O resto era tudo LAMA... Lama úmida, que chegava a dar nojo, asco...

Saí de lá arrasada... Sei que o ser humano tem uma GRANDE tendência em não respeitar a natureza como um todo - vide a maneira como a natureza está reagindo diante desse "estupro" - mas sempre optei em acreditar que as pessoas um dia iriam se dar conta de que nós, seres humanos, somos APENAS UM dos elementos que compõe a natureza e não somos donos dele.

Juro que, por mais que eu tente, não consigo entender esses descomprometimento, tanto das autoridades, quanto da população...

Triste, revoltada e desolada com o que vi, apenas duas perguntas martelam a minha cabeça:

1 - "Para onde vai o dinheiro dos impostos que eu pago? Assim como tantos outros milhões?"

2 - "Será que são aqueles animais que devem ficar enjaulados?"

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A difícil arte de se comunicar





Milhões e milhões de anos se passaram e o ser humano conseguiu criar uma complexa maneira de se comunicar. Enquanto os animais apenas entoam sons (que os cientistas já conseguiram descobrir que é uma maneira de se comunicar), nós seres humanos temos um vasto vocabulário que se adapta a qualquer tipo de situação.

Além das palavras, existem outras maneiras de se comunicar: através do olhar, gesto, movimento corporal... Enfim, comunicar-se é um campo rico e maravilhoso, BUT...

Por que é tão difícil se comunicar?

Pergunto isso porque me considero - sem auto-promoção - uma pessoa com uma excelente capacidade de me expressar, não tanto na escrita, admito, mas na fala sei que consigo dilacerar bem qualquer assunto. Integro-me em qualquer tipo de grupo social e sei me adaptar para entender e ser entendida e acho que não faço mais do que minha obrigação, afinal de contas, meus ancentrais não lutaram para criar esse lindo e majestoso ato de se comunicar.

Só que tem um grande problema: ok! Existem inúmeras pessoas que se expressam muito bem, mas em contrapartida não entendem ABSOLUTAMENTE NADA do que o outro está dizendo.

Quantas vezes na sua vida você já não se deparou com uma situação em que você teve CERTEZA de ter dito algo de forma clara e direta e o ouvinte, além de não ter entendido o que você falou, colocou palavras na sua boca que não foram ditas, distorce o que foi falado e ainda sai por aí pulando feito uma gazela arrotando verdades que, em momento algum, foram ditas.

Fofoca então é uma maravilha, um verdadeiro "telefone sem fio". A brincadeira começa com a pessoa falando a palavra "calçada", a outra passa a palavra "cantada", a outra passa "cartada", a outra "galopada" e assim vai até a última pessoa que declara, em alto em bom som que a palavra dita pela primeira pessoa foi: "granada". Oi? E daí já começam as especulações, afinal se a pessoa escolheu supostamente falar granada, pode significar que ela é uma psicopata em potencial que está arquitentando explodir um prédio. Um verdadeiro circo amado de surdos e cegos.

É assim que acontece o tempo todo: com casal de namorados/noivos/amantes,esposos, com amigos, com colegas de trabalho. Que mania insuportável das pessoas não se entenderem e PIOR não fazerem o menor esforço para que isso aconteça.

Caso você escute algo que não lhe agradou, não é infinitamente mais fácil perguntar à pessoa se foi aquilo mesmo que ela disse? Custa muito descer do seu "pedestal de saber" para entender que as pessoas podem ter apenas dificuldade de se expressar e O MAIS IMPORTANTE, você pode ter dificuldade de entender, já que é muito mais fácil fechar-se nos seus próprios conceitos?

Hoje aconteceu comigo algo, no mínimo ridículo: um amigo ficou de chegar ao Santos Dumont às 11:30 e ficou marcado que eu fosse buscá-lo. Morta de sono (virei a noite acordada), não consegui acordar na hora  programa e só fui acordar quando o telefone tocou às 11:35. Com um discurso agressivo, ele disse que o avião tinha chegado às 10:40 (primeira vez na vida que vejo uma companhia aérea antecipar voo), que ele estava me esperando em pé a mais de 1 hora, que isso é infantilidade, babaquice e todas as ofensas que você pode imaginar. Com o telefone na mão, tentei explicar que tinha o cartão de embarque dele impresso em minhas mãos e que nele estava claro que a chegada ao Rio era às 11:30 e que como eram 11:35 eu estava pouco atrasada, mas que estava indo correndo para lá buscá-lo. Ele, preso às suas verdades absolutas, disse que não era mais para eu ir e que eu só me justificava e não me desculpava.

Pára o mundo! Se eu tenho um cartão confirmando a chegada do voo às 11:30 e ele me ligou às 11:35, até aquele momento eu estava 5 minutos atrasada, quando disse que estava saindo de casa naquele segundo para ir buscá-lo, eu estava deixando claro que não queria trazer transtorno, que houve um erro e eu estava agindo para consertá-lo. De nada adiantou, tentei ligar para seu celular umas 1.000 vezes e ele se fechou na sua verdade absoluta e não quis falar comigo, fez drama, como se eu tivesse mandado ele para Saravejo dizendo que o estava mandando para o Caribe.

Comunicar-se é difícil demais, mas com uma dose de delicadeza, educação e sensibilidade tudo acaba dando certo.

As tais desculpas que ele exige que eu peça, serão dadas, mas da boca para fora, apenas para evitar mais confusão. O que aconteceu hoje foi apenas um exemplo de que ele não me escuta e quem não me escuta, quem não me percebe, não merece consideração e nem esclarecimento.

Comunicar-se é complexo, mas dá para se comunicar sem mal entendido e sem ofensas. Muitas vezes na minha vida, por exemplo, já mandei uma pessoa à merda sem usar essa palavra. Não adianta debater com quem não está propenso a ouvir.

Tem uma frase (que não sei especificar de quem), que diz mais ou menos assim: "Quando vou, me jogo de cabeça, se recuo não volto mais".

Entendeu ou quer que eu desenhe?

sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Meia Noite em Paris"


AVISO: Presença de Spoiler. Caso você, que está lendo esse humilde post, tenha interesse de assistir o filme "Meia noite em Paris" e ainda não assistiu, cuidado pois escreverei detalhes sobre esse filme.

Bom, para iniciar esse post, preciso antes de mais nada dizer que futuquei a internet toda atrás de uma imagem para pôr aqui e não achei nenhuma que ficasse a altura para representar esse filme, por isso pus uma foto do diretor Woody Allen.

Convivi a vida toda com pessoas que simplesmente veneravam o Woody Allen e eu admito que nunca entendi muito bem essa idolatria. Parte disso por puro pré-conceito da minha parte - sorry! Não sou perfeita - que não ia muito com a cara dele. Apesar da minha "guru", a escritora Martha Medeiros, ser apaixonada pela obra dele.

Enfim, no início dessa semana - por pura obra do destino - fui convidada para assistir esse filme no cinema. A minha primeira reação foi pensar: "Putz, Woody Allen?". Mas, deixe-me levar pelo convite, já que a pessoa que me convidou é muito inteligente e sensível e, portanto, não me levaria para uma "roubada". Além do mais, essa pessoa é muito especial para mim.

Como o próprio título já mostra, a história acontece em Paris. Só por isso já valeria ver o filme. Paris é uma cidade que nenhum adjetivo cabe, a não ser "mágica"... E acho que Woody Allen pensa como eu...

O filme conta a história de um roteirista de Hollywood, Gil, que vai a Paris com sua noiva insuportavelmente chata e lá se encontra com seus futuros sogros (tão chatos quanto a noiva). Em Paris, ele começa a questionar sua vida de roteirista, já que seu sonho era ser um escritor reconhecido. Percebe que sua vida financeira estável, em função de ser roteirista, deu a ele dinheiro, mas também frustração.

Durante o início do filme, ele tenta - de forma delicada - dizer para sua noiva sobre a sua vontade de se mudar para Paris, comprar um apartamento, andar na chuva das ruas parisienses, cita a sua vontade de ter vivido em Paris no início do século passado... Ela, extremamente irritante e egocêntrica, não dá atenção ao que ele diz. Ele, por sua vez, apenas lamenta seus sentimentos, mas mantem-se ali com ela, aturando suas atitudes mimadas. São noivos, mas percebe-se de forma nítida a solidão de Gil.

Em um dado momento do filme, quando Gil resolve caminhar sozinho nas ruas de Paris (e se perde), ele acaba parando num local para pensar numa maneira de voltar ao hotel. Sentado sozinho de madrugada em uma escada, ouve-se ao fundo o badalar de uma igreja, é "Meia noite em Paris"...

Surge um carro antigo na rua, que para à sua frente. De dentro do carro, algumas pessoas o convidam para entrar. Ele, meio atordoado e sem entender o que está acontecendo, resolve entrar (já que sua capacidade de raciocício estava enfraquecida, já que ele havia acabado de sair de uma degustação de vinhos).

Dentro do carro, ele percebe que houve uma "mágica" e que ele entrou em um túnel do tempo e que agora estava em Paris no início do século passado. No carro está o casal F. Scott Fitzgerald (um dos maiores escritores doséculo XX) e Zelda Fitzgerald, que o levam a um encontro com Hemingway.

Gil, nessa viagem no tempo, acaba encontrando com todos os maiores artistas da época: Picasso, Dali, entre outros, todos aqueles que ele tanto admira. O encontro dele com esses artistas faz com que ele lide com seus mais profundos desejos, até então varridos para debaixo do tapete. O diálogo de Gil com Hemingway dentro do carro sobre amor é um dos pontos mais lindos do filme, quando Hemingway descreve para ele o sentimento de estar ao lado da mulher amada e o faz perceber o quanto estava equivocado sobre isso.

O filme é recheado com diálogos lindos e profundos sobre a mente humana. Gil fez uma viagem no tempo, quando, na verdade, toda essa mágica fez com que ele realmente viajasse para as profundezas do seu ser: lidando com seus verdadeiros desejos, começando a admitir o quanto sua vida é medíocre e vazia, o quanto ele está preso a conceitos equivocados.

Não tenho palavras para descrever a maneira como Woody Allen escreveu esses diálogos tão profundos e sensíveis. A cada cena, eu ficava mais apaixonada por tudo o que estava acontecendo, meus olhos não desgrudavam da tela, cada diálogo era profundo e questionador, mas não de uma maneira "pseudo-intelectual", mas sim de forma sensível e encantadora.

Só assistindo o filme para entender a linda mensagem que Woody Allen quis dividir com seus espectadores. São tantos detalhes, é tanta coisa mostrada de forma poética, são tantas cenas intensas e paradoxalmente delicadas, que é preciso estar com o coração aberto para entendê-las e eu entendi. O problema de Gil não é porque ele não viveu na época que ele desejava viver e sim que essa viagem ao tempo mostrou que não é no passado que se encontra as verdades e sim dentro de nós mesmos, reformulando nossas ideias, reconstruindo nossos conceitos no presente

Claro que após essas experiênciastão intensas, Gil não se contenta mais em estar ao lado de uma mulher tão vazia, presa a expectativas de poder e glamour vazios e abre mão dessa relação supérflua para viver NO PRESENTE todas as sensações, sentimentos que ele tem o poder de viver.

Woody Allen não se prendeu a clichês, convidou seus espectadores a viajar junto com Gil nessa viagem interna e avassaladora, que o libertou de amarras emocionais durante tanto tempo.

Sem me avisar previamente, Woody Allen, na última cena do filme me fez chorar... Em muitos outros filmes que assisti, eu já esperava que ia chorar, mas nesse filme fui pega desprevinida e me emocionei de verdade. Enquanto lágrimas caiam dos meus olhos, meus lábios sorriam, tamana a intensidade da última cena do filme.

Cada cena é interligada, cada diálogo existe por um motivo nobre, nada é a toa.

Sem fórmulas prontas de romance, a última cena do filme retrata, de forma magistral, que a verdadeira felicidade não está em desejar viver em outras épocas e sim que ela está ali, a nossa frente, no nosso presente, esperando apenas ser aceita e vivida.

Em um simples momento de chuva, Woody Allen nos soca o estômago com a última cena, não consegui evitar a intensa emoção. Ele nos alfineta o tempo todo com a sutileza dos diálogos inteligentíssimos entre os personagens do filme, nos faz pensar, filosofar. Um filme profundo e, para mim, um divisor de águas na minha vida.

Woody Allen fala das relações humanas de forma tão profunda e, ao mesmo tempo, tão simples que não há possibilidade de você não se encantar. Com certeza esse filme, quando lançado em DVD, fará parte da minha coleção e, caso você tenha visto o filme de maneira despretensiosa, assista-o novamente: perceba cada nuance nos diálogos, perceba a linda edição de cenas que, em muitas vezes, falam mais que palavras.

Falar de relações humanas nunca é fácil, mas Woody Allen consegue e mordi a língua quando percebi o tempo que perdi em não ter dado a ele a chance de me mostrar antes a sua magnífica capacidade de falar de encontros, desencontros, amor, desapego...

Ah... A última cena do filme... O que mais quero é poder andar sob a chuva, sem medo de molhar a roupa, sem medo de borrar maquiagem, sem medo de estragar o penteado... Isso é dar chance ao amor: desprender-se de antigas amarras emocionais e permiti-se viver, sem medo do que vai dar. Não importa se estamos em Paris ou na Venezuela, não importa se iremos nos deparar com uma situação mágica que nos leve a um passado impossível de ser vivido, não importa se haverá um badalar de sinos. Não tenho poder sobre o passado e nem sobre o futuro, mas tenho o poder do AGORA e Woody Allen nos prova isso nesse filme.

Um verdadeiro poema em forma de imagens e diálogos. Um elixir que toca o coração.

Românticos assumidos ou não, assistam, deleitem-se com esse filme. Ele mostra que não é tão difícil dar chance ao amor e viver seus sonhos.

Obrigada Woody!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Solução dos problemas em frasquinhos?

Eu já havia reparado nisso já tem um tempo, mas achei melhor observar mais antes de afirmar. Afinal, eu poderia estar completamente equivocada e, sem perceber, dando rótulos - o que eu abomino. Mas, agora não dá mais para negar...

A medicina mental evoluiu muito nos últimos anos e, com isso, o que antes era considerado quase que um assunto proibido, hoje pode-se debater, ter informações e etc.

Hoje fala-se abertamente sobre depressão, mania, transtornos alimentares (anorexia e bulimia), ansiedade, esquizofrenia e afins. Eu acho isso ótimo, pois sempre me incomodou o fato de que qualquer comentário a respeito disso deixava-se no ar um certo "ranço": era vergonha admitir qualquer um desses problemas, não importando se estava acontecendo com você ou com alguém próximo. Muitos preconceitos eram arraigados demais. Perdi a conta de quantas vezes ouvi pessoas - muitas delas inteligentes, com acesso à informação - afirmarem com categoria, por exemplo, que depressão era fraqueza ou até frescura.

Claro que ainda há certos comentários maldosos a respeito disso, mas diante da enorme evolução na medicina, não há mais como se prender a determinados conceitos arcaicos.

ÓTIMO! Detesto essa mania que a sociedade tem de "varrer para debaixo do tapete" assuntos polêmicos. Vamos sim colocar na roda esses debates, vamos procurar maior entendimento, vamos procurar soluções.

Só que aí a 3ª lei de Newton funciona que é uma maravilha...

A 3ª lei de Newton diz que "toda ação gera uma reação de igual intensidade, mesma direção, mas em sentido contrário". Resumindo: era proibido falar desses assuntos que citei acima (ação), agora é quase moda falar deles (reação).

Virou uma bagunça generalizada e com direito a auto-medicação!

É "cool" afirmar numa rodinha de amigos que você faz análise a alguns anos. É "in" ter um psiquiatra de confiança para indicar. É comum ver pessoas trocando relatos sobre esse ou aquele medicamento. Pára o mundo que eu quero descer!

Todos esses problemas são sérios e DEVEM ser levados à sério. O que vejo acontecer atualmente é algo muito irritante. Fala-se disso tudo com leviandade. A coisa não é bem assim.

"Estou me sentindo tão triste hoje...". No problem! Taca um remedinho goela abaixo que resolve. "Não consigo dormir...". Tá resolvido! Minha amiga tem um remédio que é tiro e queda!

Como assim, cara pálida?

Problemas todos nós temos! Todo mundo se sente angustiado, ansioso, nervoso, triste, estressado... Quando isso vira rotina, aí sim deve-se procurar ajuda de um profissional da área, mas se esses sentimentos forem apenas reações diante de algo paupável, não tem outro jeito: deve-se enfrentar e se permitir sentir. Afinal, temos sangue nas veias e não água boricada.

Tenho a sensação de que muito se trabalha na consequencia, mas pouco na causa. Esses medicamentos, quando não bem empregados, apenas camuflam o real problema, anestesiam! Mas e o que gera rotinamente a tristeza, ansiedade e etc? Finjo que não existe e "fujo" tomando remédio?

Que fique claro que não estou aqui fazendo apologia contra medicamentos. Tenho plena convicção de que toda doença deve ser tratada com todos os instrumentos disponíveis. O que estou questionando é a maneira rasa como isso está sendo tratado na sociedade. Fico com a sensação de que é quase "legal" ter depressão, por exemplo.

Li uma vez em algum lugar - não sei precisar onde - uma frase bem interessante: "É muito difícil encontrar a felicidade dentro de nós mesmos, mas é impossível encontrá-la fora.". Perfect! É isso aí! Com tantos problemas e cobranças atuais é difícil demais achar a felicidade dentro da gente, mas vamos combinar que realmente é impossível achá-la fora, principalmente em um frasquinho de remédio.

Pare para fazer uma auto-análise: sua tristeza é companheira certa no seu dia a dia? Procure ajuda! Você fica profundamente irritado com qualquer coisa banal? Não se martireze, procure ajuda! Você está diariamente com dificuldade para dormir? Converse com um bom profissional a respeito! Você sente que tem sentimentos mal resolvidos dentro de você? Procure um bom psicólogo para te ajudar a se entender! Isso sim é levar à sério essas questões! Seja através de uma terapia ou quiçá um psiquiatra, tudo isso tem solução. O que não pode acontecer é transformar tudo isso em moda!

Pessoal, fica a dica: remédio tarja-preta não é o novo preto!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Proteção ou paranóia?


Quando eu era criança, seguia (em alguns momentos a contra-gosto) as regras de higiene que a minha mãe me ensinava: lavar as mãos antes de comer, escovar os dentes após as refeições e antes de dormir, horário para banhos, lavar direitinho cada parte do meu corpo, limpar as orelhas, enxugar bem entre os dedos dos pés, manter sempre a cama limpa (comer na cama era proibido, porque caía farelos, o que era um convite para insetos), unhas sempre cortadinhas e lixadas, andar sempre com cabelo escovado, não sentar em tampas de privadas de lugares públicos, lavar as mãos após utilizar o banheiro, passar papel higiênico da parte da frente para trás... Enfim, regrinhas mais do que básicas para, além de manter-me asseada, proterger-me de bactérias.

Mas, apesar desses cuidados todos que a minha mãe tinha comigo, eu tinha todo o direito do mundo de correr descalça pela pracinha, mexer na terra, brincar nos bancos de areia, subir em árvores. Sempre fui uma menina que fugia a regra. Gostava de correr, pular... Perdi a conta de quantas vezes me estabaquei no chão pulando amarelinha, pulando elástico, tentando subir pelo lado contrário do escorrega (e na minha época o Merthiolate ardia). Claro que após essas minhas "aventuras" DELICIOSAS de criança, ao chegar em casa tinha que ir direto para o banho. Afinal, estava suja, suada, mas feliz da vida, por ter uma mãe que sempre incentivou meu lado curioso e impetuoso.

Hoje, olhando os comerciais de TV, estou ficando realmente preocupada...

Tudo começou com o lançamento de pastas de dentes capazes de resolver 12 problemas bocais. Ôpa! Na minha época a preocupação era com cárie, tártaro e quiçá com flúor. Aí inventaram pasta de dente para clarear, pasta de dente para usar à noite e amanhecer com o hálito mais fresco (Oi?), pasta de dente com partículas refrescantes, pasta de dente que previne e retira tártaro, pasta de dente que resolve problemas nas gengivas, pasta de dente que fortalece o esmalte... Isso sem falar das escovas de dentes, que não duvido muito, daqui a pouco serão  vendidas com mini-robôs que se instalam em sua boca e, com sabres de luz, desintegram qualquer tipo de "mal".

Antes, quando íamos à um banheiro de shopping, era de praxe enxugar as mãos com papel - que de tão macio quase fazia uma esfoliação. Hoje os banheiros são equipados com jatos de ar quente. Ok! A natureza agradece o menor uso de papel, mas o ar úmido e quente não é mais propício para a proliferação de bactérias? Ok! Não sou cientista, apenas estou querendo entender esse surto de limpeza que está ocorrendo nos últimos 15 anos.

Antes um bebê ou criança, tomava seu banhinho com algum sabonete neutro (normalmente era o de glicerina), sabonete Jonhson e Jonhson (que alías tem um cheirinho delicioso!) ou até o sabonete da Turma da Mônica. Que delícia era cheirar uma criança com aquele cheirinho de infância...

Aí surgiram os sabonetes anti-bactericidas. O primeiro, se não me engano, foi o Protex. Ok! Não era indicado para crianças no início, mas depois os comerciais da marca mostravam até com computação gráfica que o sabonete acabava com 99,9% das bactérias.

A ciência então descobriu que os sabonetes em barra eram um ambiente propício para bactérias e lançaram os sabonetes líquidos (que eu até prefiro e admito) e agora tem no mercado o sabonete da marca Dettol, com a mesma premissa de proteger-nos das terríveis bactérias.

No meio desse "samba do criolo doido", surgiu a moda do álcool em gel e uma vertente de produtos similares: álcool gel que hidrata, álcool gel com perfume, álcool gel versão para levar na bolsa.

Os produtos de limpeza para casa não ficaram atrás: agora existe o Harpic Power Plus "5 vezes mais poderoso para remoção de bactérias", o Vanish ação anti - bactericida, esponja para lavar louça com ação anti-bactericida, detergentes ação anti - bactericida. As prateleiras de todos os supermercados estão cheias desses tipos de produtos, mas...

Aí eu me pergunto: isso é proteção ou já está virando paranóia?

Digo isso porque (como descrevi acima), na minha época não havia nada disso e não tenho em meu histórico médico nenhum relato de doença causada por bactérias e, como vocês já leram, eu tinha total liberdade para brincar e descobrir o mundo. Minha mãe não sacava da bolsa álcool para passar no balanço e eu me sentar, minhas roupas eram lavadas com sabão comum (claro que quando eu era bebê não, porque podia gerar alergias) e cá estou eu saudável.

Não sou cientista e nem tenho a pretensão de ser, isso é apenas um desabafo pessoal, mas eu já vi a ciência dar VÁRIAS bolas foras: já vi chocolate ser acusado de ser o motivo de espinhas, já vi o ovo ser acusado de aumentar o colesterol...

Quem está alimentando essa quase histeria: a ciência ou as empresas que fabricam esses produtos?

Temos que nos proteger o tempo todo: da violência cotidiana, dos caloteiros, dos colegas de trabalho que tentam nos passar a perna, das empresas que adoram nos cobrar por serviços que não solicitamos, das possíveis dores do amor...

E sabe o que eu descobri? Que por mais que a gente "tente" se proteger, não há garantia de 99,9% de que estaremos protegidos -  uma analogia ao comercial dos sabonetes anti-bactericidas. Temos que enfrentar e deixar que o nosso próprio corpo crie anti-corpos, tanto nas questões do dia a dia, como na questão da higiene.

As pessoas daqui a pouco estarão andando com armaduras medievais nas ruas. Já é fácil ver isso através do aumento absurdo das relações virtuais. Tudo fica fácil com o "escudo" da tela de um computador.

Numa breve pesquisa que fiz na internet, descobri que na boca existem as seguintes bactérias: Estreptococos:
Streptococcus mitis, salivarius, pneumoniae, pyogenes, não do grupo A. Bactérias gram-negativas anaeróbias: Velonella sp., Fusobacterium sp., Bacteroides sp. Staphylococcus epidermidis, Treponema denticola, Treponema refringens, lactobacillus sp., Neisseria sp., Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae: do tipo b, não do tipo b, parainfluenzae; Peptostreptococcus, Actinomyces sp., Staphilococcus aureus, Enterobacteriaceae.

Deu medo ao ler isso?

Pois no site da Folha online descobri essa notícia: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u573579.shtml.


 Bactérias são amigas
Mas não adianta tomar mais banhos. Bactérias sempre viveram conosco. Precisamos delas. Elas são nossas amigas na maior parte do tempo. A maioria das que estão na nossa pele são inofensivas e realizam atividades úteis para nós', disse à Folha Elizabeth Grice, do Instituto Nacional de Pesquisas do Genoma Humano, nos Estados Unidos, autora do estudo. 'Parece que as pessoas estão preocupadas em travar uma guerra contra as bactérias, usando banalmente produtos antibacterianos e antibióticos. Esta provavelmente não é a abordagem mais saudável e nós deveríamos aprender a viver em harmonia com os micróbios dos nossos corpos", diz Grice. É que antibióticos matam todo tipo de bactéria, incluindo as do bem. Quando essas bactérias inofensivas desaparecem, o espaço que ocupavam fica livre para ser invadido por bactérias que podem causar problemas."

Resumindo: você vai deixar de dar um bom e gostoso beijo na boca por causa da lista que apresentei acima? Ou vai beijar e depois bocejar por 5 minutos sua boca com detergente? Se você ganhar um beijo no rosto, vai limpá-lo logo em seguida com álcool? Você vai deixar de viver, de sair, de experimentar, para se proteger das "pessoas bactérias" que vivem ao nosso redor? É saudável criar uma criança que terá nojo de tudo? Que ficará obcecada por uma limpeza perfeita, digna de uma sala cirúrgica?

Vá viver! As bactérias SEMPRE estarão presentes, tanto aquelas que só o microscópio vê, como aquelas que nossos olhos veem.

Não usem armaduras... Não somos máquinas... E mesmo as máquinas estão abertas a darem pane, receberem vírus...

Higiene e proteção são FUNDAMENTAIS, paranóia é totalmente dispensável!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Com a palavra, Rosana Hermann


Há muito tempo admiro o jeito de ser da jornalista Rosana Hermann.

Em seu blog com no nome "Querido Leitor" nesse endereço: http://noticias.r7.com/blogs/querido-leitor/, já percebe-se de cara o jeito carinhoso que ela lida com quem acompanha seus trabalhos. Perceba a maneira delicada do nome do blog. Além de convidativo, me remete à época das cartas escritas à mão, onde a gente sempre as inciava com "Querido(a) Fulano(a)".

E, no final de cada post, ela sempre deixa a seguinte frase: "Um beijo, um browse e um aperto de mouse da @rosana". Genial, não é? Brincando com as palavras, ela consegue usar os termos da nossa tecnologia de relacionamento atual e ainda enche de afeto quem lê.

Os textos da Rosana Hermann são deliciosos de ler. O modo como ela escreve faz parecer que ela está sentada ali, na sua frente, olhando no seu olho. A facilidade que ela tem para se expressar de forma clara e delicada é um elixir.

Em seu blog, ela divide com os leitores os mais variados assuntos: suas opiniões sobre diversos temas atuais, notícias com as novidades tecnológicas (que ela ainda tem a delicadeza de ensinar passo a passo), revela seus pensamentos, suas descobertas, suas viagens (com dicas deliciosas), seus aprendizados, as conferências/programas/entrevistas que participa, vídeos interessantes e até suas "crises existenciais", como a que a acometeu com o falecimento da sua filha/cachorrinha. Vale muito a pena acompanhar!

Não são textos didáticos, chatos ou com alguma sombra da "arrogância do saber" do jornalista. Ela emprega sua profissão de forma humana, sensível. Usa os dedinhos para teclar, mas vê-se logo que tudo o que ela escreve E faz é com coração. Não está ali para ditar regras ou com a pretensão de convencer ninguém a nada. Ela apenas nos convida a estar ali e nos oferece uma sabedoria que não se encontra em livros, mas que se encontra no blog dela.

É ou não é delicioso deleitar-se com textos que nos fazem pensar, repensar? Para mim é!

No dia 09/05/2011, ela escreveu um post que caiu como uma luva para inúmeras dúvidas existenciais que eu tenho na vida e ela, com muita serenidade, me fez repensar alguns conceitos.

O link para esse post é: http://noticias.r7.com/blogs/querido-leitor/2011/05/09/o-que-eu-realmente-acho/, mas irei colocá-lo abaixo. 
É espetacular...


O que eu realmente acho
Rosana Hermann

"Eu deveria trocar o título. Não vou escrever sobre o que eu acho, ou penso, mas em algo que acredito.

Outro dia li uma frase muito boa, um argumento muito bem construído, cujo autor desconheço:
'Esperar que a vida lhe trate bem porque você é uma boa pessoa é como esperar que um touro não te ataque porque é vegetariano'.

É isso. A gente vê todo dia. Coisas ruins acontecem para pessoas boas e coisas boas acontecem para pessoas ruins. Mesmo porque, se você for pensar bem, as pessoas são muito complexas, tem componentes variados. Ninguém na vida real é totalmente mocinho ou vilão. Isso é coisa de personagem de ficção.

Mas, se é assim, se ser legal, bacana, decente, ético, honesto, não garante que a vida será boa e que teremos sorte, por que então seguir esse caminho?

Porque esse é o único caminho a seguir. Porque o resto não é caminho, é desvio.

Eu sei como é, eu sei como todo mundo se sente, porque eu sou como todo mundo. A gente se esforça, batalha e vê um cara desonesto que rouba ficando rico. Dá um desalento. Mas você não tem a opção de começar a roubar porque você não é ladrão. Nem tem a opção de impedir que o ladrão continue roubando.

O que fazer então?

Primeiro entenda que a vida é um filme, não é uma foto, e tem muitos capítulos pela frente. Eventualmente, pode ser que o ladrão se dê mal, mas não é garantia, vide parágrafos anteriores.

Mas eu vou dizer em que eu acredito. Eu acredito que o fator sorte, a aleatoriedade da vida, existe mesmo.

Tem gente que faz tudo errado e dá tudo certo. E vice-versa. Mas nós criamos uma espécie de campo a nossa volta, composto por nossa energia.

A gente emana coisas. Assim como exalamos cheiros, calor, também emanamos outros tipos de ondas, vibrações. Você chega perto da pessoa, entra em seu "campo" e imediatamente sente alguma coisa, boa ou ruim. Esse "campo" a nossa volta é o que nós somos naquele momento, ou a somatória de tudo o que somos naquele momento.

Tem gente que tem vibração ruim mesmo. Tem bom coração,mas tem um campo ruim. Tem gente que tem um campo bacana a sua volta. Não estou necessariamente falando de "aura", mas de uma coisa sutil mesmo, energética, um resultado do fato de estarmos vivos. Dentro do nosso corpo há movimentos, correntes, tudo.

Temos eletricidade, temos energia de verdade, não é delírio esotérico.

E isso se estende a nossa volta, nesse nosso campo vital.

Não há garantia de que o universo vai ser bonzinho com você, mas há uma correlação direta entre o campo que você emana a sua volta e as coisas que acontecem com você ou, pelo menos, o tipo de pessoa que você atrai para seu campo.

Se você chama muita coisa ruim, pare e observe. Você deve estar vibrando exatamente nessa frequência. Se coisas muito iluminadas chegam até você é possível que você seja parte desse processo de uma forma mais ampla.

Não acredito num D'us vingador, num mundo simétrico, como já disse.

Mas acho que a gente polariza. A gente alinha. Magnetiza as coisas a nossa volta.

O jeito é aprender a lidar com isso.
Cuidado aí com seu magnetismo.
Pra não atrair pregos pra si mesmo."

Lição aprendida, Rosana Hermann! Nunca havia parado para pensar nisso e ao ler esse texto, vi que faz muita lógica! Prometo que já estou pensando com MUITO carinho sobre mecanismos para mudar a minha frequência.=)

Observação 1: Alguém pode ter reparado que, ao final do texto da Rosana Hermann, ela escreve D'us. Apenas uma explicação para quem não sabe: A Rosana é judia e, assim como alguns judeus que falam português, essa é uma das formas para falar de Deus sem citar seu nome, respeitando o mandamento no qual Deus ordenou que Seu Nome não fosse usado em vão.

Observação 2: Eu já havia deixado um convite  - humildemente - para ela vir conhecer o meu blog. Como esse meu post se refere à ela e à um texto dela, vou enviar um convite para que ela leia. Faço questão disso, porque não foco apenas em reclamar das pessoas babacas e com cabeça pequena. É imprescendível bater palmas para quem merece. Mesmo que seja nesse meu singelo blog... Essa é a minha lógica de vida!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Id, Ego e Superego





Eu acho que já disse aqui uma vez, mas, na dúvida, vou repetir: eu ADORO o site "Ego" http://ego.globo.com/

Juro! Não é sacanagem minha não! O site em si pode se intitular como "EGO - Tudo sobre os famosos", mas, na minha opinião, é o melhor site de piadas que existe!

Já virou rotina minha: assim que ligo o computador - tendo tempo para dar uma navegada - têm sites que vou de imediato. Não vou pagar de culta e está muito errado quem pensa que a primeira coisa que faço é ler as notícias do "Uol", do site da "Folha" e etc. Eu até leio sim, mas, antes...



E... Tã, tã,tã... O "Ego"... Cada vez que vou lá, eu fico na dúvida de qual é a melhor piada do dia.

Sobre os "famosos", fui no Dicionário Aurélio para transcrever exatamente o significado do adjetivo famoso:

Famoso = de grande reputação, superior, invulgar, célebre, grandioso, ilustre. 

Aí você, que está lendo o meu humilde post, pensa: "Há! Piada pronta!". E eu digo: "É exatamente isso!". Irei em cada sinônimo de "famoso" relacionar à uma notícia:

De Grande Reputação
"Lindsay Lohan publica foto de seu suposto perseguidor e pede ajuda"
Pópará! Por acaso a Lindsay Lohan não é aquela atriz que vive aparecendo sem calcinha, que já foi pega roubando, alcóolatra e já foi em cana? É!!! Ela mesma! Um minuto de silêncio em homenagem à reputação da moça.

Superior 
"Dado Dolabella divulga foto da namorada grávida - A produtora de eventos será mãe do terceiro filho do cantor"
 Dado Dolabella vai ter o seu TERCEIRO filho? Darwin agradece.

Invulgar 
"Conheça alguns dos biquinis da coleção de Nicole Bahls" 
 Close profundo de câmera no derriére da cidadã rebolando na sua TV.

Célebre 
"Mel Gibson faz dancinha no tapete vermelho em Cannes" 
ZZZzzzzZZZZzzzz

Grandioso 
"Príncipe e Cinderela? Felipe Dylon coloca sapato em Aparecida Petrowky" 
 Cadê a Rainha Elisabeth II que não deu a ele o título de "Sir"? Tá comendo mosca!

Ilustre 
"Maumau ensaia com sua banda e vai lançar o primeiro CD" 
 O índice Dow Jones irá fechar com aumento de 0,8% depois dessa notícia.

Vem cá? O site Ego é ou não é um grande piadista? hahaha

Só que fica no ar, para mim, uma grande questão existencial: eu leio esse site achando graça, me dobrando de rir com fotos de "famosas" às 8h da manhã maquiadas, de salto alto, cabelos trabalhados na chapinha, dando tchauzinho para o paparazzo com cara de "ó que surpresa, estou só indo à feira comprar tomate", com notícias sobre quem está na praia do Leblon, com chamadas sobre o novo corte de cabelo da atriz X...

Mas, o que pensam e sentem as pessoas que vão lá porque REALMENTE se interessam por isso?

Aí lá fui eu pesquisar o significado de "ego". Fiquei com a impressão de que o nome do site era também uma piadinha subjetiva...

"O ego funciona principalmente a nível consciente e pré-conciente, embora também contenha elementos inconscientes, pois evolui do Id, que é regido pelo princípio do prazer. O ego é regido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do Id, tão logo encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos".
Confuso? Nem tanto... Deu para entender de onde vêm o alimento das pessoas que lêem o site "Ego" e dos "famosos" que desejam ardentemente terem seus nomes lá. Até no nome do site tem piada embutida.

Mas, vá lá... Tem coisa que nem Freud explica.



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Minha Alma tem Pressa - Mario de Andrade


Peço licença, mas hoje irei transcrever um belíssimo texto do autor Mario de Andrade.

Sei que tenho muito futuro pela frente, mas esse texto fala exatamente como sempre me senti - mesmo quando tinha 15 anos.

Deliciem-se:


"Contei meus anos e descobri que terei... menos tempo para viver daqui para a frente,do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado, do que futuro. Sinto-me como aquele menino, que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões, onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos, tentando destruir quem eles mais admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias, que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos, que brigaram pelo majestoso cargo, de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade... Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!"

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Geração babá





Sei que vou entrar em um campo minado. Qualquer movimento brusco pode fazer uma bomba nuclear explodir na minha cabeça, mas... Vou escrever mesmo assim. Aliás, vou tentar.

Falar sobre a criação de filhos - principalmente dos outros - gera um mal estar absurdo e não é para menos. Quem a pessoa pensa que é para dizer o que é certo ou errado na educação do seu filho? Concordo! Ser mãe é uma arte muito subjetiva. Criança não vem com bula e cada caso é um caso, afinal ali tem um ser humano com vontades, com personalidade, com dificuldades, com defeitos. Acredito que cabe a cada mãe (atenta) perceber a linguagem que ela considera a que mais se aproxima da correta.


Mãe erra sim! Mas, mãe é absolvida dos seus "crimes" quando ela erra tentando acertar. Acho que é exatamente esse o ponto. Qualquer erro é admissível, contanto que a mãe ache, do fundo do seu coração, que está acertando.

Só que existe um específico erro que eu não consigo ver saída, bato o martelo e afirmo que a mãe é culpada sim e merece punição. Aliás, a punição virá, mais cedo ou mais tarde e não serei eu que irá decretar sua penalidade e sim seu(s) próprio(s) filho(s). Falarei sobre isso adiante.

A mulher, graças à muita luta, conseguiu sair do papel de dona de casa. As mulheres agora estão ativas no mercado de trabalho e muitas delas são respeitadas por isso.

Se você tem mais de 30 anos, pergunte à sua mãe se na época dela era comum ver mulheres médicas, advogadas... Ela vai responder que não. No máximo, as mulheres tinham a "permissão" de serem professoras, pedadogas, enfermeiras e quiçá psicólogas. Hoje o mundo mudou, vemos mulheres economistas, jornalistas. Vemos mulheres em cargos de chefia, diretoria e temos até uma presidente.

A mulher conseguiu provar para o mundo e para si mesma que pode, que tem capacidade! Ufa! Ainda bem!

Só que o mercado de trabalho é briga de cachorro grande. Apesar dessa revolução, sinto que a mulher tem a obrigação de ser sempre MUITO melhor para poder se destacar. Ainda há muito preconceito, às vezes não tão velado, sobre mulheres no mercado de trabalho. É sabido, por exemplo, que é comum uma mulher ganhar um salário menor do que um homem, mesmo que ela ocupe o mesmo cargo e tenha as mesmas responsabilidades.

Bom, com essa pressão latente, a mulher tem que batalhar e muito para conseguir o seu almejado sucesso profissional. São horas afinco no trabalho, noites em claro, finais de semana focados em um projeto. Mulher que é mulher tem garra, está pouco se lixando se o chefe mandou entregar uma planilha complexa no dia seguinte às 7 horas da manhã e avisou isso no dia anterior às 21 horas. Ela sabe que vai ter que se desdobrar em mil: dar atenção ao marido, colocar a janta, tomar banho, manter-se bonita (afinal a concorrência não está para brincadeira e a auto-estima agradece) e sentar a bunda na frente do computador... Quem sabe até ela consegue algumas horinhas de sono para não ter que aparecer no trabalho com cara de urso panda, tamanha as olheiras.

Isso se, no meio do caminho, ela não se deparar com uma TPM diabólica, um telefonema da mãe reclamando da tia, um marido chato ou uma amiga desesperada porque se descobriu traída.

Está aí, inclusive, uma das coisas que mais admiro na mulher: a nossa capacidade de ser muitas em uma só. Nós mulheres temos várias facetas interessantíssimas. Somos amigas, filhas, amantes, esposas, irmãs, funcionárias, chefes e até enfermeiras de maridos gripados (desculpe-me homens, mas qualquer dorzinha de garganta para vocês parece um martírio). Enfim, a mulher mata um leão por dia.

Só que no meio desse alvoroço todo tem a maternidade. NENHUMA MULHER nasce sabendo ser mãe. O máximo que pode acontecer é a mulher nascer com instinto maternal, o que é bem diferente.

Pois bem, o que me faz vir escrever esse post é algo que muito me incomoda - o tal erro que citei no início do post que, na minha opinião, não tem absolvição- e que é rotina nas classes mais bem sucedidas financeiramente: crianças sendo criadas por babás.

Não vou nem entrar no mérito de debater o motivo disso. Quero acreditar que isso está ocorrendo, porque as mulheres estão trabalhando muito. Só de imaginar as dondocas que não pegam o filho no colo para não quebrar as unhas recém-feitas, me dá gastura.

Mas, já deixo claro também que não há trabalho que justifique isso. Conviver com o filho tem a ver com qualidade e não com quantidade de tempo.

Aqui no Rio e em São Paulo é mais do que "normal" ver crianças, inclusive nos finais de semana, nos colos das babás com a mãe AO LADO.

Conversando ontem com a minha amiga ao telefone sobre esse assunto, ela me disse que, quando mais nova, trabalhou numa casa de família que a mãe exibia seu filho em eventos sociais, mas que se recusava a pegá-lo no colo para não amassar a roupa. Quase tive um treco quando minha amiga disse que havia uma babá para o filho e outra babá para a filha. Que isso? Estão terceirizando a educação dos filhos?

Não há nada que justifique essa displicência, absolutamente nada.

Não gosta de criança, não tem paciência, não consegue se ver no papel de mãe? Ok! Simples, não seja mãe! Mas não pague à uma pessoa para exercer um papel que é seu!

A babá existe para ajudar, para somar e não para se vestir toda de branco (Oi? Alguém me explica o porquê disso) e ir tomar sol com seu filho num domingo pela manhã ou correr com ele numa pracinha em um sábado à tarde. Seus braços vão cair se você segurar seu filho no colo em um passeio no shopping? Você vai ter um AVC se passar algumas horas brincando com seu filho?

O papel da mãe ninguém supre. Criança sente falta da mãe, se espelha nela, aprende seus conceitos morais com ela, reconhece seu cheiro, sua voz... Tirar esse direito da criança, por qualquer motivo, é cruel, sórdido! Se o motivo for fútil, PIOR AINDA!

O que serão dessas crianças criadas por babás? Que tipo de personalidade elas irão desenvolver diante dessa negligência materna? Como elas irão se relacionar com o mundo e com as pessoas à sua volta?

Imaginem a seguinte cena: a mãe passeia com o filho e a babá na rua. Com a obra do acaso, essa criança tropeça e cai machucando seu joelhinho. Ao levantar-se, chorando, a criança pedirá auxílio e conforto para aquela que está realmente presente em sua vida, que a coloca para dormir, que conhece todas as suas nuances, que ensina, que está presente não só fisicamente, que ela sabe que é seu porto seguro...

Fica a pergunta: a criança irá para os braços da mãe ou da babá?

Como essa criança irá se sentir caso essa babá saia do emprego? Afinal de contas, por mais afeto que a babá tenha pela criança, ela não pode afirmar com 100% de certeza que estará ao seu lado até ela completar 15 anos, diferente da mãe, que só sai fisicamente da vida da criança quando morre.

Acho que, no frigir dos ovos, o que essas mulheres precisam é aprenderem a diferença entre ser MÃE e ser mera parideira.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Homem tem coração?



Ontem aconteceu, Brasil afora, as rodadas dos campeonatos estaduais. Grêmio versus Internacional, Palmeiras versus Corinthians e aqui no Rio: Vasco versus Flamengo.

O que me motivou a escrever esse post foi o jogo de ontem aqui no Rio - que fez o Flamengo campeão carioca nos pênaltis.

Eu saí de casa ontem, por volta das 14h, para ir na casa de uma amiga. As ruas estavam desertas, havia no ar um silêncio tão profundo que era quase paupável.

Enfim, fui à casa dessa minha amiga e lá fiquei até por volta das 20h. 

O jogo já havia acabado fazia tempo. Ouvimos do apartamento dela a gritaria, os palavrões, toda a algazarra quando o jogo acabou. Durante um tempo, ouvíamos buzinas estridentes, gritos de euforia e etc. mas, no horário em que eu saí, tudo parecia ter voltado ao normal.

Passei por vários restaurantes, bares, lanchonetes e, em todos, vi torcedores "bebemorando" a vitória do seu time. Todos muito alegres, sorridentes, falando alto. Comportamento esse comum em homens quando ganham um campeonato e, ainda mais, quando o jogo foi contra o seu "rival eterno".

Só que aí, quando estava chegando em casa, passei em frente a um bar. Estava meio vazio, alguns senhores apenas olhando a TV e ouvindo os comentários sobre o jogo. Em uma mesa havia um casal. Ele segurava a cabeça com as mãos, com os cotovelos apoiados sobre as suas pernas. Ela acariciava sua cabeça e parecia dizer palavras de carinho e conforto.

Quando passei em frente a eles, ele levantou o rosto e então pude ver que seu rosto estava lavado em lágrimas. Seu rosto chegava a estar vermelho, seus olhos inchados. Seu choro era verdadeiro e devastador. Sua dor derramava pelos olhos.

Eu já tinha visto esse tipo de cena várias vezes, mas como agora tenho um blog, o que vi ontem me deu uma vontade louca de escrever sobre o seguinte tópico:

Homem tem coração?

Muito se fala da incapacidade do homem de ter sentimentos, que eles têm uma pedra no peito, que são frios e lógicos.

Sempre achei essa afirmativa bastante injusta. Não são poucos os homens sensíveis que conheço. A diferença é que eles não costumam externar isso em público. Da mesma forma que, em contrapartida, conheço mulheres que são frias, mas em público demonstram ser sensíveis.

Por que o sentimento tem que ser sempre exposto de forma clara ou até caricata, para que se tenha a certeza da sua existência? 

Saio de cima do meu "pedestal do saber feminino" e penso com a seguinte lógica: os homens, desde que o mundo é mundo, são cobrados para serem fortes. Homens iam às guerras, tinham que matar animais para alimentar a família, tinham que defender fisicamente seus familiares de ataques... "Ter sentimentos" sempre foi indício de fraqueza. Não havia tempo para lágrimas.

Isso se perpetuou. Mulher pode chorar, se descabelar, se jogar ao chão de tanta tristeza. O homem não! Ele tem que se manter firme, sólido, no máximo uma lágrima tímida pode escorrer pelo seu rosto. Qualquer coisa diferente disso gera uma implicância generalizada dos próprios homens que, aos berros e com muita ironia, dizem: "Pô, pára com essa porra! Isso é coisa de viado!", "Fulano está chorando? Xi... Que boiola!"

Tô mentindo?

Sempre detestei verdades absolutas. Gosto de olhar as pessoas de maneira individual, independentes do gênero, idade, credo, posição social, aparência física ou qualquer outra coisa. Sempre tive a certeza de que olhar as pessoas de forma generalizada é raso. Odeio rótulos!

Ontem, o rapaz que chorava pela derrota do seu time ilustra bem o que quero dizer.

Os homens (assim me parece) usam o futebol como uma válvula de escape para seus sentimentos. Ao torcerem, perdendo ou ganhando, é socialmente aceito que eles chorem, fiquem tristes, pulem de alegria, se abracem.

Muito provavelmente, o torcedor que vi ontem, não chorava apenas pela derrota do seu time. Estava chorando por inúmeros motivos, que ele mesmo nem tenha consciência. Mas, ele estava ali exposto, nu, deixando transparecer sua fragilidade, seus sentimentos, seu coração...

Até onde sei, não existe uma cartilha de regras sobre sentimentos. Quer dizer então que se uma pessoa não chorar num filme romântico, ela é em robô? Quer dizer então que se uma pessoa não verbalizar o que sente, ela merece a forca? Quer dizer então que se uma pessoa não ler poesias, ela merece ser apedrejada em praça pública?

Claro que existem uns ogros por aí, mas eu ainda acho que eles fazem mais pose do que qualquer outra coisa. Eles sentem, mas não demonstram. (E que fique claro que não estou falando dos psicopatas. Esses sim, incapazes de sentir)

O sentir é muito subjetivo e, principalmente, é interno. Não é porque meus olhos não veem, que significa que não está ali, estalando, pulsando...

Homens, podem ficar roxos de ódio porque uma falta não foi marcada, podem se abraçar calorosamente a cada gol do seu time, podem xingar o juíz de todos os palavrões, podem beijar loucamente a bandeira do seu time... Mas, quando vocês nos verem chorando - seja lá qual for o motivo - por favor, não nos olhem com desdém e pensem com ironia: "Pô, mulher é uma raça chata!".

Sem  rótulos!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Há algo de podre no Reino da..... Inglaterra


Até que enfim, hoje aconteceu o "casamento do século". Gente! Não aguentava mais zapear na TV e ter 1.972 programas sobre o tão esperado casamento de Kate Middleton e o Príncipe William.

Até canais "sérios", como o Discovery Channel,  fizeram documentários sobre o casamento.

Nunca entendi muito bem essa fascinação que a monarquia inglesa exerce sobre as pessoas e não entendo também por que todo mundo quer acompanhar de tão perto os detalhes. Fico com a ligeira impressão que, esse alvoroço todo, é quase que uma histeria coletiva. Quase que um comportamento inconsciente da galera que, ao ver um casamento real, fica com a esperança de que contos de fadas existem. Bem na vibe dos desenhos da Disney.

Li na revista "Mundo Estranho" do mês de maio (que já saiu e eu já comprei porque AMO essa revista), que esse casamento foi calculado em R$ 33 milhões, sem contar com o gasto estimado em segurança para o evento (R$ 53 milhões), mas que foram contados à parte por ser um gasto público. (Oi?)

Os tablóides ingleses fizeram a festa nos últimos meses recheando suas notícias sobre qualquer coisa a respeito de Kate. Que de plebéia, magrinha e bonitinha, tornou-se A princesa, o ícone de moda, a pessoa mais importante do planeta.

Ouvi na TV, outro dia, que o anel de noivado da Kate foi copiado e está sendo vendido por R$ 3,00 na Vinte Cinco de Março em São Paulo. O vestido azul que ela usou no comunicado à imprensa, sobre o noivado, foi copiado exaustivamente mundo afora.

Já vi de tudo sobre esse casamento e juro que acho graça. Vem cá... Desde quando me interessa com qual roupa, a então noiva, foi em um determinado evento? Se que ela poderá suceder a Princesa Diana (mãe do Príncipe William) no coração do povo? Acho isso tão brega, mas tão brega, que me dá vergonha alheia. Debates infinitos e vazios sobre o assunto. Se eu fosse uma jornalista e tivesse que comentar AO VIVO  o casamento e falasse "A rainha não sorri, será que ela está satisfeita com o casamento?", eu rasgaria meu diploma na hora e ia vender Jequiti. (Isso aconteceu, tá gente?)

Se, quando eu era pequena, não gostava de histórias de princesas e príncipes (Adendo: a única Barbie que tive na vida, teve seus cabelos ruivos cortados bem curtinhos e seus braços tatuados com canetinha), não vai ser agora que eu vou achar interessante esse tipo de coisa.

O que teve de bancas de apostas sobre qual tipo de bolo seria servido, com qual vestido ela se casaria, quem estaria na lista de convidados e etc. não está no gibi! Rolou venda de canecas comemorativas, venda de chicletes especiais para comemorar o casamento... Foi até lançado um iPhone Royal Wedding Collection.

Por que será que as pessoas precisam idolatrar tanto esse tipo de coisa? Carência? Falta do que fazer? Vazio interno? Não tenho a pretensão de dizer, mas como já disse, acho tudo isso muito esquisito.

Muitos dos comentários que ouvi ou li se referem à sorte grande que Kate teve por se casar com o Príncipe William.

Eu, apesar de ser mulher, não acredito em contos de fadas, então digo logo: eu, se fosse essas mulheres que afirmam essa sorte grande, não teria tanta certeza disso, a ponto de me espelhar na Kate. Estou sendo muito ranzinza em lembrar que Kate se casou com um homem que carrega 50% da genética do Príncipe Charles? Eu não soltaria foguetes em saber que o Príncipe William foi criado em um ambiente de mulheres duronas, dominadoras e que passam a impressão de amargura.

Ok! O Príncipe William também carrega a genética da Princesa Diana, muito amada pelo povo e que correu o mundo com suas obras sociais. Desculpem-me os defensores ferrenhos de Diana, mas nunca vi nada demais nela, inclusive, muito me incomodava aquele olhar triste dela, quase que vitimizada por ser "massacrada" pela família real e por ser traída publicamente.

Em uma entrevista, Diana disse que desenvolveu bulimia nervosa, porque seu casamento era composto por três pessoas - ela, o Príncipe Charles e Camilla Parker Bowles. Ok! Isso dói e MUITO, mas ela tinha mais é que mandar todo mundo para o cacete e sair cheirando à lavanda. O que ela fez? Ok! Ela se separou, mas foi chorar para a imprensa inglesa - que todo mundo sabe que gosta é de sangue derramado.

Conclusão: ela continuou no centro dos holofotes, não podia peidar que todo mundo sabia, não pôde dar em paz para o Dodi Al-Fayed e tudo terminou em uma morte trágica em um túnel na França, enquanto Camilla se reservou e casou-se com o Príncipe Charles. Grande final feliz para o "conto de fadas" que foi televisionado e assistido por milhões de pessoas em 1981 e que também gerou esse alvoroço todo.

Voltando ao casamento de hoje, vou dar uma opinião pessoal: tem algo errado com essa Kate. Ela tem uma pinta de "chave de cadeia" que brilha em neon na sua testa. Não a acho tão bonita, elegante, charmosa... Claro que eu sei que ela tem algo especial, já que o Príncipe William quis casar com ela, mas eu não vejo, a acho uma mulher comum, normal, bonitinha até. Aliás, eu prevejo sim que esse casamento ainda vai ajudar muito a imprensa sensacionalista. Principalmente porque as comparações dela com a Diana são inevitáveis.

A monarquia inglesa é POP. Nada mais que um adorno na sala. Chama atenção, cria moda, enche os jornais de notícias, vende revista, mas não faz absolutamente nada de relevante para o mundo. Uhú!

Bom, graças a Deus, o pior já passou. Terei que aturar só mais alguns dias com debates sobre o casório, as roupas usadas e tchau. Volta e meia a Princesa Kate aparecerá usando aqueles chapéus horrorosos em algum evento beneficiente, desfilando sua anorexia (Aquela menina come alguma coisa além de pedra de gelo?), mas nada que eu não consiga conviver.

Como disse anteriormente, não gosto de idolatrias, seja de qualquer espécie. Tenho prazer de ser e usar aquilo que tem a ver comigo - já até falei sobre isso em um post anterior. É estranho copiar o que Fulana ou Cicrana usou, é estranho acompanhar a relação de um outro casal.

Posso garantir: muitas das pessoas que acompanharam o casamento emocionadas e que estão transformando a Kate em um ícone, estão esperando ansiosamente qualquer deslize dela para jogá-la aos leões.

Eu não irei me surpreender caso a Kate faça alguma cagada. Ela tem carinha de sonsa. E mesmo que ela não seja o que a minha imprensão diz, poxa! Ela é humana!

Mas, enfim, como romântica que sou, espero de verdade que ela tenha se casado por amor e que eles sejam felizes. É sempre isso que espero, não importa se o casal é da realeza ou é um casal que conta moedas para poder pagar as contas.

No site "Ego" (site este que me dobro de rir), li agora há pouco que Luciana Gimenez acompanhou o casamento e que postou várias vezes no Twitter que o vestido de Kate é igual ao que ela usou em 2006 no seu casamento com Marcelo de Carvalho:  http://ego.globo.com/Gente/Fotos/0,,FTE1028-15707,00-LUCIANA+GIMENEZ+COMPAROU+SEU+VESTIDO+DE+NOIVA+AO+DE+KATE+MIDDLETON+QUAL+O+M.html . Está rolando até uma enquete para saber qual vestido os internautas acham mais bonito.

Bom, no quesito "dar golpe em inglês" a Luciana entende, vai ver que não é só o vestido que as fazem parecidas. (Veneninho básico detected)

A diferença é que Luciana transou com um maracujá de gaveta magrela, enquanto Kate irá dividir sua cama com um loiraço de 1,90 e quiçá poderá ser a próxima rainha.

Felicidade ao casal Kate e William, mas por favor, vamos mudar de assunto porque já deu no saco!