Quando eu era mais nova, bem mais nova, eu gostava de ficar imaginando como deveria ser o homem perfeito: alto, não muito forte, meio tímido (sempre tive uma queda pelos tímidos), inteligente, bonito, mega carinhoso... E outras coisinhas mais. Mulher tem mania de romantizar tudo e eu não fujo à regra.
A única regra que eu nunca participei foi gostar dos "Bad Boys". Sempre os achei caricatos, bobos. Mas, mesmo sendo assim, não deixei de tomar muitas quedas nas relações amorosas: já vivi amores platônicos, já fui corna (Oi? Tem alguém que não tenha sido?), já sofri horrores, já quase desidratei de tanto chorar, já mofei ao lado de um telefone que não tocava... Enfim, sou uma entre milhões de pessoas que tentam sobreviver - e entender - a relação homem-mulher.
Apesar de tudo isso, tive momentos lindos, que só quem amou e foi amada sabe como é. Tocar a pele de quem se ama é algo quase espiritual. Não há PROZAC no mundo capaz de fazer os olhos brilharem, como o ser amado é capaz de fazer.
Sei que sou uma romântica incurável, mas não daquelas de chorar em cenas de filmes de comédia romântica (que aliás acho um pé no saco). Sou uma romântica incurável porque sei a sensação maravilhosa de deitar no peito do homem amado.
Enfim, como eu ia dizendo: quando era mais nova eu tinha uma listinha imaginária de como seria o "The One", aquele que abalaria todas as minhas estruturas.
O tempo passou, a maturidade chegou à fórceps e hoje sei que muito do que eu desejava num homem era pura balela.
O homem perfeito, para mim, não precisa ter o físico de um Deus grego, mas seu corpo tem que ter o poder de me acalentar, me excitar, me envolver, fazer-me protegida, se encaixar ao meu.
O homem perfeito não tem que ser engraçado e nem tão pouco piadista, mas tem que ter o refinado humor de lidar com as adversidades da vida. Tem que saber achar graça de si mesmo.
O homem perfeito não tem que ser inteligente à ponto de citar frases completas de Nietzsche, mas tem que ter uma conversa variada, que vá além da escalação da seleção brasileira de futebol. Tem que ser curioso, gostar de aprender, ler, me ensinar.
O homem perfeito não tem que ser sensível a ponto de chorar bicas ao assistir um filme europeu sobre a 2ª Guerra Mundial, mas tem que ter a sensibilidade de perceber o que não é dito em palavras. Tem que ter empatia com a dor do outro, tem que amar a mãe... Fica a dica: a maneira como ele trata a própria mãe, é a maneira como ele irá lhe tratar. Ok! Muito Freudiano essa afirmativa, mas é fato.
O homem perfeito não tem que ser o "El Comedor" ou "A Pica das Galáxias". Tem que gostar de dar e receber prazer, não tem que ter preguiça para explorar meu corpo. Tem que saber perceber os gemidos, os sussuros, os arrepios. Tem que me fazer sentir querida, desejada, admirada.
O homem perfeito tem que ter uma personalidade forte, mas isso, PELO AMOR DE DEUS, não significa ser grosso, babaca, otário, impaciente... Tem que ter a personalidade forte para não embarcar nos meus devaneios. Tem que ser decidido, a ponto de me dar sempre a certeza de que sou amada.
O homem perfeito não tem que ser rico e muito menos ficar me enchendo de presentes, mas tem que ter estabilidade financeira para que JUNTOS possamos traçar planos. Cumplicidade é algo que não se compra.
O homem perfeito tem que saber mentir quando eu perguntar se ele percebeu que eu engordei. Aquele tipo de mentira gostosa que subjetivamente diz "Não tô nem aí que você engordou ou fica feia com essa saia. Eu gosto de você e o resto é bosta".
Será que sou exigente demais? Não sei, mas gosto de acreditar que esse "homem perfeito" está por aí distraído, também à procura de uma "mulher perfeita". E que essa "mulher perfeita" seja eu.
Não estou mais na flor da idade e coleciono algumas ruguinhas ao redor dos olhos e celulites. Às vezes sou carente e também insegura, tenho um gênio forte e às vezes cabeça-dura.
Estou longe de ser perfeita, mas posso garantir que tenho o coração aberto para tentar fazer da relação uma "imperfeição" de prazeres, sorrisos, companherismo, adaptação, lealdade e, claro, com alguns "pitis", afinal de contas eu tenho muitos defeitos, mas mentirosa eu não sou.
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