Um Blog Despretencioso Sobre Lógica Feminina: meus pensamentos, minhas ideias, meus sentimentos e até minhas experiências, que em muitos casos não tem a menor lógica, mas deixa eu achar que sim, pô! Afinal, não precisa ter lógica para ser interessante!
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Pé na bunda, dois canos fumegantes e justiça
Falar nesse assunto pode gerar efeitos colaterais gravíssimos, mas sempre tive a certeza de que quando algo te dói, por mais profundo que seja, você tem que externar através de palavras. Acho que faz parte da cura, se é que existe cura para determinados pés na bunda, como, por exemplo, o que eu tomei há alguns anos.
Minha relação com meu ex namorado era algo que não dava para explicar. Tínhamos química, companherismo, parceria, gostávamos das mesmas coisas, tínhamos os mesmos ideais e conceitos de vida.
Claro que tinham brigas, mas o mais profundo na nossa história, é que parecia que o que faltava nele, eu doava, o que faltava em mim, ele doava.
Eu sempre tive um gênio forte, nunca gostei de demonstrar fraquezas, sejam elas quais fossem. Quando eu fico triste, por exemplo, não fico com a cara de depressiva pedindo colo, fico irritada, ansiosa, sem paciência. Mas, ele sabia claramente detectar esse meu jeito... Apenas segurava a minha mão e a paz que eu tanto precisava naquele momento vinha como um banho morno em um dia frio. Aquele tipo de coisa que só dá para entender vivenciando.
Era um amor tão profundo e recíproco, que comecei realmente a acreditar que almas-gêmeas existiam.
Ninguém das nossas relações nos via como simples namorados. Todos reparavam a maneira como nós nos olhavámos, o jeito carinhoso que nós nos tratávamos, o fato de que sempre estávamos juntos não para cumprir regras socias, mas porque gostávamos de ficar juntos, mesmo após uma relação de quase 9 anos.
Até roupinhas do nosso futuro filho (que já tinha até nome) foram compradas. Viajámos juntos, conversávamos sobre todos os assuntos... Eu cuidava dele e ele cuidava de mim.
Alguns meses antes do término, ele começou a ficar estranho. Continuávamos nos vendo todos os dias, ele continuava carinhoso, mas tinha algo de errado nele. Sexto-sentido de mulher é algo realmente intrigante. Eu não tinha fatos para ver nada de errado, mas assim mesmo via.
Como toda mulher que se preze, comecei a achar que era comigo. Como tínhamos uma relação de parceria, perguntei para ele se era comigo. Ele, de forma clara e olhando nos meus olhos disse que não, que estava se sentindo estranho sim, mas que a causa eram coisas mal resolvidas dele com a família dele. Essa justificativa pareceu plausível, já que ele realmente tinha problemas com a família, ainda mais que sua mãe e seu pai morreram quando ele ainda era muito novinho.
Mesmo assim, algo de estranho parecia me atormentar e inúmeras vezes fiz a mesma pergunta e a resposta continuava sendo a mesma: que ele me amava que não era nada comigo, que isso ia passar e que era apenas uma má fase. Ele continuava o mesmo comigo: carinhoso, presente, afetuoso... Comecei a achar que eu estava ficando maluca. Como assim bater essa insegurança depois de anos de uma relação saudável, gostosa e sólida, ainda mais que não havia nada de concreto para me provar o contrário?
Um dia, do mês de agosto (que ironicamente rima com desgosto), ele me pediu um tempo. Disse que precisava ficar sozinho para pôr a cabeça em dia, que estava se sentindo mal, estranho... Decretou mais uma vez que me amava, que tinha certeza de que íamos voltar melhor. No dia seguinte, me ligou e apareceu na minha casa aos prantos, me abraçou, me beijou, disse que me amava, mas precisava desse tempo.
UMA SEMANA se passou, o encontrei na rua e pedi para conversarmos. Ele, que até aquele dia tinha sido o homem mais doce, respeitoso e amável que eu já conheci, havia se transformado em um MONSTRO.
Terminou comigo da maneira mais cruel e chula que alguém pode imaginar. Olhava-me de cima, num tom irônico, falou coisas para mim que não se fala para o pior tipo de mulher, desdenhou da minha dor e chegou ao cúmulo de dizer: "O problema não era contigo, mas você acabou dando um tiro no pé, pois agora eu acho que é contigo!".
Tentei de todas as maneiras entender o que estava acontecendo, quis chorando que ele me dissesse o que havia acontecido para ele me tratar daquela maneira. Debochado e prepotente, ele apenas queria me ver longe dali.
Durante dois meses, quando nos encontrávamos, ele continuava gélido, soltando frases com um requinte de crueldade que a gente só vê em filmes. Eu, que nunca permiti que ninguém pisasse em mim, só sabia chorar, sem saber reagir àquela pessoa nova e horrível que havia se apresentado para mim, após quase 9 anos de relação.
Posso dizer com certeza de que tristeza é capaz de matar... Eu quase morri tamanha a minha dor... Relacionamentos podem acabar sim, mas por que tinha que ser dessa maneira tão sórdida?
Um dia me cansei de chorar na frente dele ou tentar entender e simplesmente sumi... Troquei o número do meu celular, meu e-mail e me afastei por completo de todas as pessoas que faziam parte do ciclo social dele. Tomei na veia pó de pirlimpimpim. Só o meu travesseiro, minha terapeuta e minha amiga sabiam da dor alucinante que sentia no peito. Não dá para descrever a quantidade de lágrimas doídas que derramei. Só eu sei.
Se passaram quase 3 anos depois que tudo isso aconteceu e, outro dia, distraída na vídeo-locadora, deparei-me com o filme "Beijo Roubado" (essa figura que ilustra esse post) e resolvi ver. O filme é bacana, não tem nada demais, mas tem a frase mais profunda que poderia ter ouvido.
A atriz principal conversando consigo mesmo após ter tomado um pé na bunda diz: "Como se dá adeus à uma pessoa que você nunca imaginou viver sem? Eu não disse adeus, eu não disse nada. Simplesmente fui embora!".
Foi o que eu fiz...
Hoje ainda lamento por não ter respondido à altura todos os absurdos que ouvi. Lamento principalmente por, na época, não ter uma espingarda para atirar nos peitos dele, para que doesse nele a mesma dor que ele fazia questão de doer em mim (Alô! Isso é apenas uma metáfora!).
Bom, eu ainda estou aqui. Não morri de tristeza e, graças a Deus, não tenho sequer notícia dele.
Juro que sequer passa pela minha cabeça uma volta. Uma vez ouvi a atriz Carolina Ferraz dizer uma frase fabulosa: "O caráter de um homem não se mede pela maneira como ele entrou na sua vida, mas sim pela maneira que ele saiu.".
Não quero um retorno e nem tão pouco dois canos fumegantes para atirar nele... Mas, admito que torço para que um dia, caso ele tenha consciência para tal, que ele seja atormentado pela culpa. A culpa por ter pisado com tanto prazer na mulher que o amou e o respeitou.
Aí sim a justiça será feita!
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